A poucos quilômetros do estádio em que começará Copa do Mundo, milhares de famílias ocupam terreno e reivindicm: dinheiro público precisa assegurar direitos para todos
Pelo MTST, em Outras Palavras
Na noite de 2/5 centenas de famílias organizadas pelo MTST ocuparam um terreno que estava abandonado há anos em Itaquera.
Nos dois dias seguintes, a ocupação recebeu cerca de 2 mil famílias que estavam em condições precárias de moradia na região. São trabalhadores do Jardim Helian, Gleba do Pêssego e Jardim Cibele (comunidades de Itaquera). Mas não só: famílias vieram também de São Miguel, Ermelino Matarazzo e outros bairros da zona leste.
As histórias são quase as mesmas. Famílias que não podem mais arcar com o valor abusivo dos aluguéis, que cresceu violentamente, em especial em Itaquera, por conta do estádio e das obras ligadas à Copa. Segundo o Índice Fipe/Zap, o valor do metro quadrado em Itaquera aumentou 165% nos últimos 6 anos.
É claro que a especulação imobiliária não ocorreu apenas por conta da Copa. Mas o evento agravou a tendência que já existia, principalmente nas regiões das obras. Isto não é um fato novo: Estudo da Relatoria de Moradia da ONU já demonstrou que os megaeventos estão sempre ligados à especulação imobiliária por onde passam.
Por estas razões, a ocupação foi batizada como Copa do Povo. Enquanto a Copa da FIFA ocorrerá com investimentos de cerca de R$ 30 bilhões, sem atender o povo, que sequer poderá pagar ingresso para assistir aos jogos, o povo organiza sua resposta.
A menos de 3 quilômetros do palco de abertura, milhares de famílias lutam debaixo de lona pelo direito básico a uma moradia digna. A Ocupação Copa do Povo escancara esta contradição.
Esperamos que os governos – municipal, estadual e federal – tenham a responsabilidade de não reprimir a ocupação e de desapropriar o terreno para moradia das famílias sem-teto.
Se teve dinheiro pra Copa da FIFA, tem que ter pra Copa do Povo!
…tem que ter para a Copa do Povo.