Assassinos de Cleomar estão livres! Farsa de “justiça” não durou nem um ano.
No último dia 03 de novembro, habeas corpus do STJ concedeu liberdade provisória para Marcos Ribeiro de Gusmão e Marco Aurélio da Cruz Silva, que estavam presos acusados pelo assassinato do Coordenador Político da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia, Cleomar Rodrigues de Almeida, ocorrido em 22 de outubro de 2014.
Se esta decisão por um lado causa revolta e indignação nos companheiros de Cleomar, nas massas e camponeses que por todo canto do Brasil levantam cartazes que proclamam CLEOMAR VIVE!, e nos camponeses, indígenas e quilombolas que lutam por terra e território e têm lideranças assassinadas por pistoleiros e agentes do Estado, por outro lado não é nenhuma surpresa!
Desde o primeiro momento, as Ligas de Camponeses Pobres denunciaram que a prisão de Marcos Gusmão e Marco Aurélio era uma farsa. Não pelo fato de estarem presos e sendo processados, mas sim porque a prisão e o inquérito destes tinham por objetivo esconder os latifundiários mandantes do bárbaro e covarde assassinato, bem como de impedir que viesse à tona a participação de agentes policiais de Januária no crime contra o companheiro Cleomar.
Também não devemos estranhar que tal decisão tenha se dado neste momento, após sucessivas derrotas dos advogados dos acusados no Tribunal de Justiça de Minas Gerais e no próprio STJ. Afinal, diante das bandeiras vermelhas que tomaram as ruas de Januária nos dias 10 e 11 de outubro de 2015, durante o 8º Congresso da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia, e das faixas com os dizeres: “CONTRA A CRISE, TOMAR TODAS AS TERRAS DO LATIFÚNDIO!”, “FORA DILMA, FORA PT, GOVERNO DE BANQUEIROS, TRANSNACIONAIS E LATIFUNDIÁRIOS!”, “VIVA A REVOLUÇÃO AGRÁRIA!”, “CLEOMAR VIVE!”, o Estado brasileiro e seus gerentes se viram na obrigação de se posicionar, uma vez que o latifúndio, diante do Congresso da Liga, fora as provocações costumeiras (ameaçar quem divulgasse a propaganda do Congresso, organizar grupos para arrancar cartazes, etc.), acorreu à “justiça” para conseguir “Interditos Proibitórios” contra possíveis novas ocupações (e estas estão acontecendo e vão acontecer mais e mais).
Poderia o Estado e seus gerentes talvez, uma vez mais, prometer que entregaria para os camponeses as terras do latifúndio pelo qual a família de Cleomar lutava, demagogia tantas vezes utilizada principalmente quando o Estado faz tratativas com movimentos dóceis e comprometidos com a atual gerência Dilma/Lula/PT/PCdoB (para nos ater aos acontecimentos recentes). Esta manobra poderia “acalmar” as massas sertanejas que enfrentam a violência do latifúndio, a seca e a miséria. Mas não, o mar não está para peixe, a crise tira o chão do oportunismo, não dá para fazer demagogia neste momento.
A resposta do Estado brasileiro para as massas que lutam por terra e pela verdadeira justiça, que ao mesmo tempo também é uma “satisfação” para o latifúndio, além da presença provocadora do aparato militar da gerência Pimentel/PT no local do Congresso da LCP, veio por esta decisão do STJ, como a dizer: vocês camponeses querem terra para acabar com a crise, pois os pistoleiros estão soltos!
Que venham com mais gotas de sangue no copo que está prestes a transbordar. Que venham com mais violência e ameaças contra o povo! Que venham com mais derramamento de sangue! Mas a farsa de que se faria justiça diante do assassinato de Cleomar virou pó!
Os assassinos de Cleomar estão livres! Os acusados que estavam presos, os latifundiários mandantes que sequer foram citados até hoje, o aparato policial do Estado que participou da trama e que permaneceu neste tempo todo intocável: a história não os absolverá!
Cleomar Vive! Morte ao Latifúndio!
Contra a crise, tomar todas as terras do latifúndio!
Viva a Revolução Agrária!
Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres.