Por reforma agrária, MST ocupa ferrovia da mineradora Vale no Pará

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, existem 13 mil famílias acampadas nas regiões sul e sudeste do Pará; em compensação, o número de famílias assentadas nos últimos dois anos no estado foi de 711

Da Redação Brasil de Fato

Dois mil trabalhadores rurais sem-terra ocuparam a ferrovia de Carajás em Parauapebas (PA). A mobilização, que aconteceu na segunda-feira (3), faz parte da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, que conta com mobilizações em diversos estados durante esta semana. A via ocupada é utilizada pela transnacional Vale para escoar o minério extraído das minas do sudeste paraense até o porto de Itaqui, em São Luis (MA).

“Não sairemos daqui, de cima desses trilhos e da margem dessa ferrovia enquanto não formos devidamente atendidos pelo governo federal na distribuição de terras nessa região”, afirmou Rafaela Dias, do MST no Pará. Ela ainda reforça que enquanto a Vale acumula “regalias” o governo federal “se pauta pelos cortes nas áreas sociais”.

Em texto publicado no site do MST, o jornalista Márcio Zonta, do Movimento dos Atingidos por Mineração (MAM), afirma que a Vale vem expulsando camponeses de suas terras para expandir seu projeto minerador no estado do Pará.

Reforma agrária paralisada

A Jornada de Luta dos sem-terra denuncia o descaso que o Governo Dilma com a reforma agrária.

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), existem 13 mil famílias acampadas nas regiões sul e sudeste do Pará, em aproximadamente 120 fazendas ocupadas. Em compensação, o número de famílias assentadas nos últimos dois anos no estado foi de 711, menos de 10% da demanda da região.

“Se considerarmos apenas as ocupações existentes e não houvesse nenhuma outra ocupação de terra na região nos próximos anos, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) da cidade de Marabá levaria mais 37 anos para assentar as 13 mil famílias que aguardam nas ocupações”, calcula o advogado da CPT, José Batista Afonso.

Procurada pela reportagem, a Vale não respondeu as tentativas de contato até o fechamento da matéria.

Imagem: Protesto na ferrovia da Vale no Pará | Foto: MST

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