“Queremos o reconhecimento dos territórios para garantir nossa existência”, afirma quilombola no IV Congresso da CPT

“Nós queremos garantir o direito de existir. Queremos o reconhecimento e a titulação dos nossos territórios para garantir a existência das comunidades”. O depoimento de Naldo Braga Correia, integrante do Movimento Quilombola do Maranhão (Moquibom), ecoou alto na Tenda Rio Guaporé, onde se discutiu o eixo “Esperança”, na quarta-feira (15), durante o IV Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), realizado em Porto Velho, Rondônia.

Equipe de Comunicação João Zinclar – IV Congresso Nacional da CPT

Em sua fala, Correia destacou a importância das comunidades se organizarem para conquistar os direitos que lhes cabem. “Em outros tempos, nós só recebíamos migalhas de organizações e órgãos públicos responsáveis por acompanhar os quilombolas. Hoje, com a criação do Moquibom, nós mesmos somos os protagonistas de nossas batalhas”, disse.

O resgate da cultura e da identidade quilombola proporcionou às famílias maior poder de mobilização para pressionar o poder público. “Com os grupos unidos, nós já fechamos estradas e ocupamos a sede do Incra no Maranhão. Esses atos trouxeram alguns avanços para os quilombos”, relembrou.

Nesse mesmo caminho segue um grupo de trabalhadores e trabalhadoras que compõem a Articulação Camponesa de Luta pela Terra e Defesa dos Territórios do Tocantins. Segundo Reginaldo Lima Viana, um dos coordenadores dessa articulação, mais de 18 comunidades se juntaram para fortalecer as lutas em comum. “Muitas vezes, nossas reivindicações são as mesmas, ainda que em regiões diferentes. É muito difícil avançar na luta pela terra se caminharmos individualmente”, argumentou.

As mobilizações organizadas pela Articulação ocasionaram audiências públicas com órgãos como o Incra, Ministério Público Federal, Defensoria Pública Agrária e Programa Terra Legal. “Quando fechamos a BR-153, juntamente com os indígenas, conseguimos alguns resultados satisfatórios. A mesma coisa aconteceu quando ocupamos a sede do Incra de Araguaína (TO). Portanto, no meu modo de ver, o caminho para nosso fortalecimento é trabalhar o diálogo entre as comunidades”, finalizou.

Imagem: Rafael Oliveira

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