Racismo: Polícia prende homem que matou nove pessoas em igreja nos EUA

Massacre na igreja da Carolina do Sul parece ter sido motivado por racismo. Vizinhos da igreja se reuniram na rua para rezar pelas vítimas.

Jornal Hoje

A polícia prendeu nesta quinta-feira (18) um homem branco abriu fogo e matou nove pessoas em uma igreja histórica afro americana, em Charleston, na Carolina do Sul, nos Estado Unidos. O suspeito do massacre foi preso no estado vizinho, a Carolina do Norte. Ele já tinha sido identificado um pouco antes: é Dylann Roof, um jovem branco, de 21 anos.

Os policiais chegaram a divulgar fotos dele e do carro preto que ele tinha usado na fuga e, graças a denúncias da população, encontraram o suspeito. Enquanto não se sabia onde ele estava, escolas e colônias de férias da cidade foram fechadas.

A imprensa de Charleston diz que Dylann Roof já tinha sido preso em março deste ano por posse de drogas e, em abril, por invasão de propriedade. O tio dele deu uma entrevista a agência Reuters e disse que o rapaz ganhou uma pistola de presente de aniversário do pai, em abril.

O massacre na igreja parece ter sido motivado por racismo. Testemunhas relatam que o rapaz dizia que as pessoas na igreja iriam morrer porque eram negras. Em uma foto, numa rede social, ele usa uma jaqueta que tem a antiga bandeira da África do Sul, usada na época do Apartheid, o regime de separação entre brancos e negros que durou até 1994. O massacre pegou de surpresa pessoas que estavam reunidas numa igreja histórica.

Perto das 9h, 22h no Brasil, um grupo estava reunido na igreja para uma aula de leitura da bíblia. Foi quando um dos participantes da aula se levantou e começou a atirar. Matou seis mulheres e três homens – entre eles o reverendo Clementa Pickney, que era pastor da igreja e também senador estadual. Uma pessoa ficou ferida.

O atirador foi filmado pelas câmeras de segurança quando entrava na igreja, quase uma hora antes do crime.

Sylvia Johnson, prima do pastor, ouviu de um dos sobreviventes que o rapaz chegou à igreja perguntando pelo líder religioso e ficou sentado ao lado dele durante toda a aula, antes de começar a atirar. Sylvia também ouviu da testemunha que o rapaz recarregou a arma cinco vezes e fez declarações racistas enquanto atirava.

Depois do massacre, o atirador fugiu em um carro preto. A igreja é sede de uma das mais antigas congregações religiosas de negros americanos. A congregação tem quase 200 anos e teve papel importante na luta contra a escravidão e, mais tarde, pelos direitos civis dos negros. Vizinhos da igreja se reuniram na rua para rezar pelas vítimas.

O massacre é mais um golpe pra a comunidade afroamericana, que do ano passado para cá tem sido vítima de crimes motivados aparentemente por racismo.

A tensão racial nos Estados Unidos sempre foi alta, faz parte da história do país, mas especialmente no último ano é a questão da brutalidade policial contra os negros que vem chamando mais atenção.

Em Ferguson, no estado do Missouri, a população protestou violentamente depois que um policial branco matou um jovem negro, desarmado em agosto passado.

Em Nova York foi o caso do estrangulamento de Eric Garner também por policiais brancos que revoltou a comunidade. Em Ohio, também ano passado, um menino de 12 anos com uma pistola de brinquedo foi morto por policiais brancos que alegaram legítima defesa.

Em abril deste ano, a menos de 20 quilômetros da igreja onde houve a tragédia ontem (17), um homem negro foi morto com tiros nas costas, disparados também por um policial branco.

O massacre na igreja metodista episcopal de Charleston lembra outro ataque terrorista, contra a igreja afroamericana batista de Birmingham, no Alabama, em 1963.

O grupo racista Ku-Klux-Klan explodiu 15 bananas de dinamite na escadaria da igreja, matando quatro meninas e ferindo outras 22 pessoas. Depois do ataque, a comunidade negra e a maioria branca dos Estados Unidos se uniu ainda mais contra a discriminação racial e, no ano seguinte, o congresso aprovou a lei federal que criminalizou o racismo e baniu o sistema de segregação que existia no país.

Imagem reproduzida do vídeo reportagem do Jornal Hoje.

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