O racismo institucional no caminho da saúde materna: jovem negra de 15 anos morre após dar à luz em hospital

Emanuelle Goes* – População Negra e Saúde

E continua, outras Alynes continuam aumentando o numero de óbitos maternos em nosso País. Então, de fato do que adiantou, e qual foi o real impacto do Estado Brasileiro ser julgado pela corte internacional (CEDAW – Comitê pela Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher – Nações Unidas) sobre acusação da morte de Alyne, que era uma jovem negra que morreu de causa materna, além de uma indenização para família e um nome na placa em uma unidade de uma maternidade no Rio de Janeiro, o mesmo Estado que em uma de suas maternidade levou a ceifou a vida precocemente de Rafaela, uma jovem com o perfil tão semelhante com o de Alyne.

E ao mesmo tempo o quanto vale a vida de Rafaela, que neste momento é a representação da negação do direito a vida das mulheres negras, quando as práticas discriminatórias e racistas atingem diretamente Rafaela com o desfecho mortal, a sociedade racista diz que somos e quanto (não) valemos. Link: Jovem de 15 anos morre após dar à luz e família acusa hospital de negligência

Quem é Rafaela? O pouco que sei basta para imaginar o tratamento que ela recebeu na maternidade, Mulher Adolescente Negra, tudo isso tem uma interação de opressões sexistas, de geração e racista, que é uma bomba relógio. Posso sim, como  mulher negra e profissional da saúde, imaginar quantas violências obstétricas Rafaela sofreu até o seu trágico fim.

Estou de verdade muito triste; sim, essa é palavra, triste!! Ver que a nossa vida não vale nada, que para eles, profissionais de saúde, Rafaela, eu e você só somos mais uma que para eles atrapalha o desenvolvimento e progresso deste País.

*Blogueira, Enfermeira, Odara Instituto da Mulher Negra, Doutoranda em Saúde Pública/UFBA

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