Seminário discute exploração de petróleo e traça alternativas para o Vale do Juruá (AC)

CIMI

O Vale do Juruá será palco, mais uma vez, da discussão sobre novos modelos de desenvolvimento para a região. O 2º Seminário promovido pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – Regional Amazônia Ocidental, que acontece entre os dias 28 de abril e 01 de maio, no Centro de Formação da Diocese de Cruzeiro do Sul (Acre), tem como tema “Petróleo, você compra, a natureza paga: Vele do Juruá construindo outras alternativas”.

A proposta é discutir o conflito entre as forças político-econômicas e a voz de milhares de lutadores e lutadoras. O modelo proposto para a região, assim como para toda a Amazônia, não prevê o real desenvolvimento para os povos indígenas e comunidades tradicionais. É apenas um modelo e projeto de saque. Saqueiam as riquezas da região, abastecem seus já gordos fundos bancários e deixam para a população local a poluição, os buracos, uma enorme conta a pagar e finalmente a morte.

Na programação deste ano estão previstos painéis como “Economia Verde, mercantilização da biodiversidade”; “Modelo Desenvolvimentista para a Amazônia, história e conjuntura atual”, que pretendem tratar as consequências da exploração de recursos naturais; e “Resistências na Amazônia”.

Além disso, para a abertura do evento está prevista uma homenagem aos povos em resistência na Amazônia e ao pesquisador Oswaldo Sevá, que morreu em 28 de fevereiro deste ano e contribuiu de forma significativa com o pensar sobre “Energia, Sociedade e Meio Ambiente”, além de estar junto com os povos na luta contra os grandes empreendimentos que ferem os direitos à vida e à terra. Ele questionou os padrões de produção de energia utilizados pela sociedade dominante e as consequências deste modelo predador à natureza e aos povos.

Em 2014, por ocasião do 1º Seminário, formou-se um documento final que já apontava para o fato e o perigo de que as petroleiras, neste caso especialmente a Petrobrás, estavam a serviço dos grandes grupos econômicos. A atual “crise” na Petrobrás trouxe à tona toda sorte de desmandos, desvios e financiamento dos megaempreendimentos que estão sendo espalhados, principalmente, pelos territórios indígenas, matando e destruindo os povos e fazendo-os crer que se trata de “desenvolvimento” e “oportunidade”.

Por diversas vezes se denunciou o mal uso dos recursos advindos destas atividades criminosas, porque atentam contra a vida do planeta, e a resposta era sempre a de que o “povo” assim queria. Numa dessas denúncias,  já se apontava que assim como o Álcool Verde, Bio Diesel da pimenta longa, os fogões especiais, e outras formas de suposto desenvolvimento alardeadas como se fossem a redenção econômica, a prospecção de petróleo na Amazônia não passa de um meio para continuarem abastecendo os cofres das empresas que financiam as campanhas eleitorais.

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