Governador não crê em greve de professor e racionamento d’água. E em gnomo?, por Leonardo Sakamoto

Leonardo Sakamoto

Geraldo Alckmin disse que não há greve de professores da rede pública no Estado de São Paulo. Como a adesão ao movimento – que já dura mais de 40 dias – é parcial, para o governado, ele não existe.

Talvez seja por isso que enquanto o sindicato dos professores estimou o último ato público, na última sexta (24), em 50 mil pessoas, a polícia militar cravou em 3 mil. Se algo não existe, não pode ser grande, correto? A PM não fez nada além de ajustar a realidade numérica às necessidades da narrativa no poder.

Os professores reivindicam um aumento de 75,33% – para equiparar à média salárial de outras categorias de funcionários públicos com ensino superior e redução de jornada, o que está previsto no Plano Nacional de Educação. Além de melhoria nas condições das escolas. Professores e pais de alunos reclamam que falta até papel higiênico nos banheiros.

Da mesma forma, vale lembrar que, para o governador, não há racionamento de água em São Paulo. Pela mesma lógica, isso provavelmente só acontecerá se ela faltar em todos os bairros ao mesmo tempo (ele deu uma leve admitida em 14 de janeiro, mas no dia seguinte, voltou ao antigo discurso). Ou se as torneiras secarem nos bairros nobres.

Incapacidade de diálogo do governo estadual com a categoria de professores? Falta de ações de planejamento hídrico do poder público diante de uma nova realidade climática?

Nada disso. Não importa o que seus olhos vêem e sim o discurso oficial. Por isso, pare de dizer que seus filhos estão sem estudar ou que falta água em casa.

Da mesma forma, mentalize: as linhas amarela e lilás do metrô já estão completamente prontas, os hospitais públicos não têm filas, a Fundação Casa consegue reintegrar os jovens à sociedade, as universidades estaduais estão funcionando de vento em popa e não há um genocídio de jovens negros e pobres nas periferias.

Pronto. A vida em negação não fica muito mais bonita?

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