Seminário petróleo Alto Juruá, de 28/04 a 01/05

Porque de pensar o Futuro do Alto Juruá?

A região sempre foi considerada das mais isoladas do Brasil. Atualmente este isolamento não significa empecilho para que se vislumbre possibilidade de obtenção de recursos financeiros para servir àqueles com reservas para investimentos.

Mas quanto às pessoas que não possuem recursos financeiros para entrar no jogo do mercado? Como ficam aquelas que, tanto na cidade quanto na floresta, necessitam viver com o que a terra oferece?

Nossa intenção é colocar, aqui, o futuro para ser pensado; falamos do futuro que queremos e sonhamos para nossos filhos e netos. Como garantir uma qualidade de vida verdadeira, não aquela baseada no consumo e em superficialidades que a grande mídia nos faz achar que necessitamos? Como garantir um real Bem Viver onde possamos aproveitar o que a natureza nos oferece sem cobrar, onde possamos beber das águas de nossos rios sem riscos de sermos contaminados, e onde se respeite as diferentes formas de vida, com suas culturas e costumes?

Dos grandes projetos para a região:

Petróleo e gás:

Parece no mínimo curioso pensarmos em exploração de petróleo e gás nas terras da “sustentabilidade”. Como é possível um mesmo Governo compatibilizar políticas de acumulação de capital tão diversas?

Qual futuro o Governo almeja para o Estado do Acre, e principalmente, para as pessoas que vivem nele?

Não são segredo os graves danos ambientais e sociais que a exploração de petróleo e gás traz para o entorno das áreas a serem exploradas; temos casos já amplamente documentados no Peru, Equador, Venezuela, Colômbia (desde há 40 anos) e, recentemente, até mesmo na Amazônia brasileira, no caso da exploração no Campo de Urucum. Em todos eles vemos os níveis de corrupção e esquecimento da população, além, principalmente, do fato de estas fontes de energia serem as grandes causadoras do efeito estufa e da crise climática contra o quais o portfólio do Governo do Estado diz lutar contra. Em todos os casos documentados, os danos provocados no meio ambiente – contaminação de rios, ar e terra – são feridas abertas até hoje e impedem as comunidades afetadas de viverem em paz, com saúde e autonomia, porque agora vivem em uma terra contaminada por químicos que provocam doenças.

Pagamentos por serviços ambientais e REDD:

Os chamados Pagamentos por Serviços Ambientais PSA são projetos, onde, qualquer indústria ou empresa poluidora poderá exceder os limites estabelecidos no Protocolo de Kyoto, e outros contratos de obrigações firmadas a nível internacional para redução das emissões de gases no planeta, em troca de um certificado de “compensação” ou REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) que garanta que em algum lugar onde ainda existe floresta, ela está sendo mantida em pé, enquanto os gases continuam sendo emitidos descontroladamente na biosfera do planeta. Quando pensamos nos diretamente afetados pelos projetos, ou seja, nas pessoas que vivem nas florestas, a coisa piora.

Com a implantação destes, os moradores não poderão mais manter a relação histórica que mantinham até então com a terra; possivelmente, receberão uma bolsa com a qual terão que sustentar toda a família, e em troca, não poderão abrir roçados ou derrubar uma árvore sequer para fazer uma canoa na qual possam se locomover de um ponto a outro, por exemplo, além de muitas restrições estabelecidas nos contratos firmados com as comunidades.

Ferrovia Cruzeiro do Sul/Pucallpa-Pe

Os trilhos, segundo o projeto da Iniciativa para Integração Regional da América Latina – IIRSA, sairão do Boqueirão do Esperança e seguirão até Pucallpa, atravessando de uma ponta à outra o Parque Nacional da Serra do Divisor, e causarão danos irreversíveis à biodiversidade e à vida dos moradores locais, abrindo, ainda, mais uma rota fácil para o narcotráfico, que já é um problema conhecido na região.

Então, o que nos resta é pensarmos no futuro que queremos e lutar por Bem Viver para todos.

PROGRAMAÇÃO:

Terça-feira

28/04 – 19:30 às 22:00

Abertura com homenagem a povos em resistência na Amazônia e ao Pesquisador Osvaldo Sevá

Apresentação cultural.

Quarta-feira

29/04 – 08:00 às 12:00 .

“Economia Verde, mercantilização da biodiversidade”

Serviços ambientais para as comunidades tradicionais. Primeiros enfrentamentos no Acre. Ribeirinhos no “Projeto Purus”, “Projeto Russas e Valparaiso”.

Participantes da mesa: Michel, Arnoldo Andrade Amorim – Presidente da associação Russas/Valparaiso, DESHCA, Lindomar.

14:00 às 18:00

“Modelo Desenvolvimentista para a Amazônia, história e conjuntura atual.”

Consequências da exploração de recursos naturais à natureza aos povos da Amazônia e do planeta.

Participação de: Prof. Dr. Elder de Paula; Paloma Ramos, estudante de ciências sociais/UFAC; Simeon Velarde, resistência no Perú e Jornalista/ativista Bárbara.

Quinta-feira

30/04 – 08:00 às 12:00

“Resistências na Amazônia”

Participação de:  Marta Cunha, Comissão Pastoral da Terra CPT/AM, Vale do Javari (ver com Sebastião Marubo), Roque Yauanawa, Simeon Velarde, Arnoldo representante das comunidades Russas e Valparaiso e Representante (Projeto Purus)

14:00 às 18:00

Encaminhamentos, confecção de documento e preparação da Marcha dos Povos.

Sexta-feira

01/05 – 08:00 às 12:00

MARCHA DOS POVOS E DA BIODIVERSIDADE.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Paloma Ramos.

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