Garoto sofre racismo em frente a loja na Oscar Freire: “Era uma questão de tempo”, diz pai

Menino foi recriminado por vendedora: “Ele não pode vender coisas aqui”

Caroline Apple, do R7

“Ele não pode vender coisas aqui”. Foi assim que a vendedora da loja Animale, da rua Oscar Freire, em Pinheiros, zona oeste de SP, se dirigiu ao editor no mercado financeiro Jonathan Duran, de 42 anos, um norte-americano branco, que estava ao lado de seu filho negro, de 8 anos, na calçada em frente a loja na tarde do último sábado (28).

Em entrevista ao R7, Duran afirma que ficou chocado com a atitude da vendedora e que não soube o que dizer na hora do ocorrido. Duran e seu filho voltavam de uma sorveteria na região e pararam em frente a loja para ligar para a mãe do garoto, que fazia compras em outro estabelecimento.

— Falei para a vendedora que ele era meu filho. Ela percebeu que tinha feito besteira e entrou na loja e eu fui embora. No meio do caminho fui entendendo o que tinha acontecido e decidi voltar na loja e falar com ela [vendedora]. Ficamos de pé dentro da loja e ela nos ignorou. Fui embora, ainda sem saber o que pensar. Nunca tínhamos passado por isso, mas, infelizmente, eu sabia que era uma questão de tempo, porque sei que isso [preconceito] acontece o tempo todo, mas quando acontece com a gente é um choque maior.

Incomodado com o assunto, Duran publicou o caso em sua conta do Facebook e não demorou para a loja entrar em contato. Duran diz que foi bem tratado e que a funcionária lamentou o ocorrido, mas a solução não veio e a responsabilidade foi passada para o pai do garoto.

— Perguntaram o que eu queria que fosse feito. Jogaram sobre mim a responsabilidade de criar uma política para corrigir questões de racismo dentro da empresa. Isso é tão básico [não promover o preconceito] que não deveria haver necessidade de orientação e treinamento específico. Mas basta olhar para a comunicação visual da empresa no site que é possível ver que não existe diversidade racial, são todos brancos.

Duran conta que ainda não sabe que atitude vai tomar, mas a única coisa que sabia é que não podia ficar calado.

— Quis expor o caso porque a desculpa é sempre a mesma. É sempre um mal-entendido. Desta vez ele não percebeu o que aconteceu. Mas pesa muito no coração de pai ter que discutir questões raciais com o filho. Hoje eu estava ao lado dele para protege-lo, mas ele vai crescer e estar sozinho quando esses “mal-entendidos” acontecerem.

O R7 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Animale, mas o assessor responsável ainda não havia chegado para mandar um posicionamento sobre o caso.

Foto: Garoto negro foi recriminado por vendedora da Animale em SP – Google Street View

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