Evento e Exposição: “Nhande kuery São Paulo Pygua – Os Guarani da cidade de São Paulo”

Centro de Trabalho Indigenista

No sábado, 14/03, a partir das 14h, a exposição “Nhande Kuery São Paulo Pygua – Os Guarani da cidade de São Paulo” leva ao CCSP um pouco do dia a dia das aldeias Guarani próximas ao maior centro urbano do continente.

Os Guarani que vivem em aldeias no Município estarão no Centro Cultural São Paulo, no dia 14 de março, a partir das 14h, para comemorar um ano do Programa Aldeias, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Cultura (SMC).

Nesta primeira fase, em parceria com o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), foram realizadas diversas ações de valorização cultural e fortalecimento político nas aldeias guarani do Jaraguá e de Parelheiros. A exposição contará com vídeos e fotografias das atividades realizadas através do Programa, além de apresentações de canções e danças tradicionais. Também será apresentada uma coleção de três DVDs com produções guarani organizada pelo Programa.

A partir das 18h30, após a exibição de vídeos, haverá uma roda de conversa com lideranças guarani e representantes da SMC e do CTI sobre o Programa Aldeias, a experiência desse primeiro ano e as expectativas para o futuro.

● DIA 14 DE MARÇO DE 2015 – SÁBADO – NO CENTRO CULTURAL SÃO PAULO – DAS 14h às 21h, SALA ADONIRAN BARBOSA. Rua Vergueiro, 1000.

● Fala das autoridades e roda de conversa: 18h30

Contatos para imprensa:

David Martim: (11) 94696-2786

Lucas Keese: (11) 98931-2601

Rafael Nakamura: (11) 97394-5670

Vinicius Toro: (11) 95357-9801

Sobre o Programa Aldeias:

O Programa Aldeias representa um novo momento das políticas públicas voltadas aos povos indígenas em São Paulo. Os principais objetivos deste Programa são a valorização e o fortalecimento das expressões culturais tradicionais do povo Guarani e o apoio à sua participação nas decisões políticas que lhes dizem respeito.

Fruto do amadurecimento do diálogo da Secretaria Municipal de Cultura com as comunidades Guarani Mbya da cidade de São Paulo, por meio do Núcleo de Cidadania Cultural e de convênio com o Centro de Trabalho Indigenista, o Programa Aldeias completa um ano em 2015. Durante este período, diversas ações foram executadas, tais como: o fomento e transmissão de práticas e conhecimentos tradicionais, formação audiovisual, apoio aos plantios, ações de gestão e proteção territorial.

De maneira inovadora, o planejamento e execução das diversas ações do Programa foram organizadas e realizadas pelas próprias comunidades Guarani, através de seu Conselho de Lideranças e da equipe de agentes culturais indígenas. Desta forma, o Programa Aldeias se insere dentro de um princípio de consolidação de políticas públicas que privilegia e promove o respeito ao protagonismo e à autonomia das comunidades Guarani, valorizando sua cultura e seu território como componente fundamental da cidade de São Paulo.

Sobre os Guarani e suas Terras em São Paulo:

Na Grande São Paulo vivem cerca de 3000 índios guarani, em aldeias localizadas em duas regiões distintas: o Extremo Sul e o Pico do Jaraguá.

Na década de 1980, foram reconhecidas três áreas de ocupação tradicional do povo guarani na capital paulista, mas a extensão dessas áreas foi sempre insuficiente para a reprodução física e cultural das comunidades, pois nesse período, anterior à Constituição de 1988, os Guarani eram taxados preconceituosamente de nômades ou aculturados, sem direito à terra.

Foi sob forte pressão política contrária que foram demarcadas as Terras Indígenas Guarani da Barragem, com 26,3 ha, Guarani do Krukutu, com 25,9 ha e Jaraguá, com 1,7 ha, sendo essa última a menor área indígena reconhecida no país, onde habitam entorno de 700 pessoas com apenas 1,7 ha regularizado (mais de 500 indivíduos por ha!), configurando uma das situações mais dramáticas de desrespeito aos direitos indígenas no país.

Desde então, os Guarani tem lutado para ver os limites reais de sua ocupação tradicional reconhecidos, com as áreas que incluíssem antigas aldeias, trilhas de coleta, e caminhos de ligação às outras aldeias na baixada santista.

Em 2012, a Fundação Nacional do Índio – FUNAI aprovou relatório que descreve a área da ocupação tradicional dos Guarani no Extremo Sul da Grande São Paulo, reconhecendo a Terra Indígena Tenondé Porã, com cerca de 15.969 ha, e abrangendo as antigas áreas da Barragem e do Krukutu, reconhecidas na década de 1980 (Ver resumo publicado no Diário Oficial da União). E em 2013, por sua vez, a FUNAI aprovou relatório que descreve os reais limites da ocupação tradicional dos Guarani na região do Pico do Jaraguá, reconhecendo a Terra Indígena Jaraguá, com cerca de 532 ha (Ver resumo publicado no Diário Oficial da União).

Apesar de viverem muito próximos à maior mancha urbana do continente, os Guarani de São Paulo praticam seus rituais tradicionais e mantém viva sua língua – a maioria das crianças e mais velhos não falam o português.

Os Guarani hoje lutam para terem seus direitos territoriais reconhecidos, e que seu idioma e suas expressões culturais sejam celebrados como parte constitutiva e significativa da diversidade cultural paulistana.

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