EUA têm noite de protestos após júri decidir não indiciar policial que matou homem negro em NY

Manifestantes tomaram diversas ruas de Nova York durante o protesto
Manifestantes tomaram diversas ruas de Nova York durante o protesto

Eric Garner morreu após agente usar técnica de estrangulamento proibida; Obama voltou prometer melhoras na relação entre polícia e minorias

Opera Mundi

Assim como no caso da morte do jovem Michael Brown, o júri do bairro nova-iorquino de Staten Island decidiu não apresentar acusações contra o policial branco que teria matado o cidadão afro-americano Eric Garner, em julho, enquanto era detido. A decisão gerou indignação e centenas de pessoas saíram às ruas de Nova York, Atlanta, Washington e outras cidades dos Estados Unidos para protestar contra a decisão.

O homem, de 43 anos, pai de família negro, morreu após ser detido pela polícia de Nova York com um golpe de estrangulamento proibido aplicado pelo policial vestido de civil. O júri considerou nesta quarta-feira (03/12), no entanto, que não há provas suficientes para acusar o policial Daniel Pantaleo pela morte.

Voltando a acirrar os ânimos, a decisão acontece uma semana após veredito semelhante no caso Ferguson — também o júri do Missouri optou por não indiciar o policial que matou Michael Brown. Após o anúncio, centenas de pessoas se dirigiram para a Times Square, em Nova York. As últimas palavras proferidas por Garner foram usadas pelos manifestantes: “Nós não podemos respirar”.

Os manifestantes bloquearam diversas ruas e aproveitaram a tradicional festa de iluminação da Árvore de Natal Rockefeller para atrair atenção. De acordo com a polícia, 30 pessoas foram presas.

Sem desculpas

Em declarações aos meios de comunicação, a viúva de Garner, Esaw, disse que não aceita o pedido de desculpas feito por Pantaleo. “Ele ainda está trabalhando, ainda está alimentando os filhos dele. E meu marido está seis palmos abaixo da terra e eu estou procurando uma maneira de alimentar meus filhos agora”. Ela também prometeu que continuará brigando por justiça: “Enquanto eu tiver fôlego no meu corpo, vou lutar”, disse.

O ativista dos direitos civis, reverendo Al Sharpton, convocou uma mobilização nacional no dia 13 de dezembro: “É hora de uma marcha nacional para lidar com uma crise nacional”, disse. E acrescentou: “nós não estamos indo embora”.

Barack Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que foi criticado pela resposta ao caso de Brown, reafirmou ontem, após a decisão do grande júri, o compromisso de melhorar as relações entre a polícia e as minorias do país e em garantir que todos os norte-americanos recebam tratamento igualitário no sistema judicial.

Entre as medidas previstas pelo mandatário está a destinação de US$ 263 milhões em recursos para investir, ao longo de três anos e a instalação de câmeras nos uniformes de policiais para que as interações com civis sejam registradas.

“Não estou interessado em palavras, estou interessado em ações. E estou absolutamente comprometido, como presidente dos EUA, a garantir que temos um país no qual todo o mundo acredita no princípio fundamental de que somos iguais perante a lei”, disse.

Manifestantes marcham em Atlanta após divulgação da decisão do grande juri
Manifestantes marcham em Atlanta após divulgação da decisão do grande juri

Investigação

Por sua parte, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, qualificou esta quarta-feira (03/12) como um “dia de dor” e “de luto” pela decisão do grande júri e confirmou que as autoridades federais atuarão no caso.

“O governo federal exercerá essa função e tirará suas conclusões. Aqui se fechou um capítulo, mas há outros capítulos pela frente”, concluiu o prefeito.

O procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, confirmou que será realizada uma investigação independente para determinar se houve violação de direitos civis no caso. A investigação federal será “independente, exaustiva, justa e ágil”, anunciou.

“Casos recentes puseram a toda prova a confiança entre a polícia e os cidadãos”, constatou Holder, que reiterou seus chamados para que essa confiança seja “restaurada”.

No começo da semana, o secretário anunciou que será lançado, nos próximos dias, novas diretrizes para evitar a discriminação racial por parte das forças de segurança após a morte de Michael Brown.

Após a nova onda de distúrbios gerada pela decisão judicial do caso Brown há uma semana, Holder iniciou um giro por todo o país para manter encontros comunitários como o da segunda-feira, na igreja batista Ebenezer de Atlanta, no estado da Geórgia.

(*) com informações da Agência Efe

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