Ato lembra 45 anos do assassinato de Carlos Marighella

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Líder da ALN foi emboscado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, na capital paulista, em 4 de novembro de 1969; foi exibido durante a homenagem no teatro da PUC-SP o videoclipe da música ‘Marighella’, do grupo Racionais Mcs

Daniel Mello, da Agência Brasil

Os 45 anos do assassinato de Carlos Marighella foram lembrados em um ato na noite de ontem (3). O líder da Aliança Libertadora Nacional (ALN) foi emboscado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, na capital paulista, em 4 de novembro de 1969. Além dos discursos de parentes e militantes, foi exibido durante a homenagem no teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o videoclipe da música Marighella do grupo de rap Racionais MCs.

Para preservar a história do pai, Carlos Marighella Filho aproveitou o momento para lançar uma campanha pedindo o tombamento da casa onde o ativista viveu em Salvador, na Bahia. “E com essa campanha a gente pretende sensibilizar o governo para que desaproprie a casa onde ele viveu, para que a gente possa construir um local onde a juventude possa conhecer melhor [a história dele]”, disse.

A música que faz referência a trajetória do guerrilheiro faz, na opinião de Carlos, uma conexão com um público mais jovem que talvez não conheça a trajetória do guerrilheiro. “A periferia jovem da cidade de São Paulo, de todo o Brasil, por ser jovem está um pouco desconectada. Mas, eu acho que Marighella é uma inspiração para todos nós e é inclusive inspiração para essa parcela da população jovem a qual o Brasil deve tanto. E eu me atreveria a dizer que foi para quem Marighella realmente lutou”, ressaltou.

Para Carlos, a pouca difusão das informações sobre o período da ditadura abre espaço para que grupos cheguem a pedir volta do regime. “Só agora a gente pode criar uma comissão da verdade para contar essas atrocidades. É natural que essa confusão se estabeleça, especialmente entre os jovens. Mas isso eu acredito que é uma coisa sem muito significado, que está sendo ampliada por interesses políticos. Não é isso que a juventude quer”, disse em referência á manifestação ocorrida no último sábado (1º) na capital paulista que pediu o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a intervenção militar.

A fundadora do movimento Mães de Maio, Débora Maria da Silva, disse que ficou assustada com as reivindicações do protesto do fim de semana. “Eu acho assustador. Quando a gente vê o ódio implantado, e a gente sabe que quem paga por esse ódio, geralmente é o pobre, negro, periférico”, disse. “É o autoritarismo que matou meu filho e mais de 600 pessoas em um espaço de uma semana. Nós vivemos nesse fogo cruzado de siglas partidárias. E depois que eles ganham, se beijam e se abraçam, e a população vulnerável fica cada vez mais à beira da miséria, passando necessidades”, acrescentou ao lembrar a série de mortes que deu origem ao movimento em 2006.

A figura de Marighella, entretanto, serve de inspiração para a luta de Débora. “Acho magnífica a lembrança desse combatente que vive presente na nossa caminhada e no nosso dia a dia. Eu me considero uma Marighella. Ele foi meu professor das lutas”, ressaltou.

A diretora da Comissão de Anistia, Amarilis Tavares, enfatizou a importância de valorizar as pessoas que combateram o autoritarismo. “Nós não podemos nos esquecer dos nossos heróis. Pessoas que dedicaram suas vidas à causa e contribuíram para esse processo de retorno da democracia para o país”.

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