Cresce pressão mundial para que EUA ponham fim a bloqueio contra Cuba

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Marcela Belchior – Adital

O fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos a Cuba desde 1960 é cada vez mais uma demanda mundial. No último dia 28 de outubro, durante Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em sua sede em Genebra, capital da Suíça, 188 dos 193 países que integram a entidade votaram em favor da reabertura da relação econômica entre os dois países. Essa é a terceira vez consecutiva que a quase totalidade das nações aprova a resolução contra o bloqueio.

Dentre os blocos das nações favoráveis à retomada das relações diplomáticas entre os dois países estão o Movimento dos Países Não Alinhados, a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), os países membros do Mercado Comum do Sul (Mercosul), a Comunidade do Caribe, entre outros. Dos cinco países restantes na votação, EUA e Israel votaram contra o fim do bloqueio, enquanto Palau, Micronésia e Islas Marshall, todos situados na mesma região do Oceano Pacífico, se abstiveram.

Antes mesmo da reunião da cúpula, países como Venezuela, Bolívia, Rússia, Argélia, Jamaica, Coreia do Sul, África do Sul, El Salvador, Tuvalu, Sri Lanka, Síria, Vietnã, Peru e Tanzânia, já haviam firmado sua adesão ao fim do bloqueio vigente há 52 anos e que gera múltiplas consequências negativas não só para Cuba e os EUA, como também para outras várias partes do mundo. Todos coincidem em qualificar a política estadunidense como “imoral” e “injustificada”, ainda mais quando viola a legislação internacional no que se refere a justiça, direitos humanos e crescimento socioeconômico, garantidos pela Carta das Nações Unidas.

Durante a Assembleia, o chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, explicou que o apoio da comunidade internacional reflete o prejuízo que as nações sofrem. Ele reitera a manutenção da política socialista cubana. “Cuba nunca renunciará de sua soberania nem do caminho livremente escolhido por seu povo, (…) tampouco desistirá da busca por uma ordem internacional distinta”, ressalvou Rodríguez. “Convidamos o Governo dos EUA a manter uma relação amistosa, com bases recíprocas, igualdade soberana, com respeito à Carta das Nações Unidas e, especialmente, um diálogo respeitoso. Viver de uma forma civilizada dentro de nossas diferenças”, sustentou o chanceler.

Representante do Irã na ONU, Mohamed Jayad Sharif afirmou que as restrições estadunidenses aos cubanos impactam negativamente em todos os setores da sociedade e de sua economia, em particular na saúde pública, alimentação, transações financeiras e nas tecnologias. Para o embaixador do Equador, Xavier Lasso, os países devem seguir condenando as sanções contrárias. “Não importa que não sejam vinculadas às iniciativas adotadas pela Assembleia, elas ficam na consciência planetária”, disse, em Genebra.

Felicitando Cuba pelo apoio que recebeu dos 188 países durante a Assembleia Geral, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou que a resolução rechaça um “bloqueio criminoso” dos EUA contra a nação caribenha. “Presidente [Barack] Obama, levante o bloqueio. Já basta desses mecanismos de opressão e tortura contra o povo cubano. (…) Que viva Cuba, abaixo o bloqueio!”, afirmou durante evento em Caracas, capital da Venezuela.

No Peru, um grupo de parlamentares apresentou uma moção, no Congresso Nacional peruano, no qual solicitam o fim do embargo. Eles expressam solidariedade com o povo cubano e afirmam reconhecer sua contribuição e ajuda ao enfrentamento de catástrofes naturais e enfermidades em qualquer parte do mundo, como atualmente atuam com o envio de médicos a países da África Ocidental que sofrem da epidemia de Ebola.

EUA mantêm negativa

Mesmo diante da forte pressão mundial e politicamente isolado nas Nações Unidas, os EUA mantêm sua rejeição à resolução. O país capitalista afirma que a economia de Cuba prosseguirá sem se desenvolver até que a ilha abra seus monopólios à iniciativa privada. Considerado ainda longe de concordar com o fim do bloqueio, os EUA têm mantido em vigor as leis, disposições e práticas que o sustentam. Além disso, têm reforçado mecanismos políticos, administrativos e repressivos para instrumentalizar o embargo de maneira mais eficaz e deliberada.

A primeira consulta sobre o tema aos países componentes da ONU ocorreu em 1992. Na ocasião, 59 nações votaram a favor do fim do bloqueio, três votaram contra e 71 se abstiveram. Com o passar dos anos, a posição foi gradualmente se fortalecendo, contando a proposta de fim do bloqueio, desde 2005, com a adesão de mais de 180 países do globo. Confira os votos dos países anualmente:

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Sobre o embargo

O embargo econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba pelos Estados Unidos se iniciou em 7 de Fevereiro de 1962. Foi convertido em lei em 1992 e em 1995. Em 1999, o presidente Bill Clinton ampliou este embargo comercial proibindo que as filiais estrangeiras de companhias estadunidenses de comercializar com Cuba. Desde então, o bloqueio sobrevive a 11 administrações da Casa Branca, cujo prejuízo econômico é estimado em 1.112.534 bilhão de dólares, além violar o princípio de não intervenção e os direitos humanos dos cubanos.

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