Três Marias paralisa quatro das seis turbinas por causa da seca no São Francisco

Com menos de 5% de armazenamento, volume liberado cai a 150m3/s
Com menos de 5% de armazenamento, volume liberado cai a 150m3/s

Com a queda da vazão a usina está praticamente desligada para a geração de energia elétrica. Objetivo é garantir abastecimento humano

Luiz Ribeiro – Estado de Minas

A Usina de Três Marias está quase desativada para a geração de energia elétrica, com a queda na vazão de 160 metros cúbicos por segundo (m3/s) para 151m3/s, medida adotada diante da seca histórica na bacia do São Francisco. A medida é uma tentativa de garantir o abastecimento humano e não deixar faltar água para os usuários rio abaixo. Apenas duas das seis turbinas da hidrelétrica estão funcionando, com a geração de 44MW/h, sendo que a capacidade instalada é de 396MW/h.

A informação foi dada nessa segunda-feira ao Estado de Minas pelo diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. Ele garantiu que, juntamente com a Agência Nacional de Águas (ANA), o ONS vai dar prioridade ao abastecimento humano na bacia, garantindo a liberação suficiente para o atendimento às populações ribeirinhas e também ao Projeto Jaíba, de agricultura irrigada, que tem 2 mil produtores e abrange uma população de 20 mil pessoas.

Na semana passada, em reunião em Belo Horizonte, a Câmara Consultiva do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto São Francisco aprovou proposta, encaminhada ao ONS e à ANA, para que a vazão de Três Marias fosse reduzida para 140m3/s já este mês, e para 120m3/s em novembro, sob a justificativa de manter água no reservatório (agora com 4,75% da capacidade) e garantir por mais tempo a vazão mínima do São Francisco, considerando a possibilidade de atraso na chegada do período chuvoso.

A decisão do ONS de reduzir a liberação de água para 150m3/s foi criticada pela secretária do Comitê da Bacia do Alto São Francisco, Silvia Freedman. Para ela, se a retenção não for maior, o reservatório pode secar e faltar água tanto para quem está acima quanto abaixo da represa. Ela advertiu que, caso a chegada do período chuvoso seja retardada e a situação venha a se agravar, o ONS terá que se responsabilizar pelas conseqüências.

Ontem, Hermes Chipp rebateu a declaração de Silvia Freedman, ressaltando que a decisão de reduzir a vazão da usina para 150 m3/s em uma primeira etapa foi da ANA, responsável pela gestão das águas. Ressaltou que a medida também leva em consideração a necessidade do atendimento a todos os usuários da bacia. “O ONS até desejaria que a quantidade de água liberada fosse reduzida mais ainda, porque isso elevaria o nível do reservatório, facilitando a geração de energia. Mas não podemos ser responsabilizados por isso. Foi uma decisão conjunta com a ANA. Somos apenas parceiros nesse processo”, assegurou o diretor-geral do ONS.

Ele garantiu que a queda na geração de Três Maria não vai afetar o sistema elétrico brasileiro a ponto de favorecer o racionamento de energia. A usina não dispõe da chamada “descarga de fundo”. Por isso, para continuar liberando água para regular a vazão do São Francisco, ela precisa usar pelo uma de suas turbinas.

Visita ao Jaíba

Na semana passada, o diretor-geral da ANA, Vicente Andreu Grillo, esteve no Jaíba, para “conhecer a realidade do projeto de irrigação”. A visita foi divulgada em nota pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), que não fez referência a nenhuma medida sobre Três Marias. Ontem, o Estado de Minas tentou contato com a direção da agência reguladora, mas não obteve retorno.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

 

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