Defensora denuncia expropriação de território quilombola no Brasil

 

Plataforma Dhesca

Isabela da Cruz nasceu e cresceu na Comunidade Quilombola Invernada Paiol de Telha, no Paraná. Acompanhar a luta constante pela manutenção dos territórios, – espaços de sobrevivência física, afetiva e cultural de negros e negras – a fez compreender de pronto a lição que os/as ancestrais repassavam ao logo das gerações: ser negro e negra é nascer lutando.

Já na década de 1860, os antepassados das famílias do Paiol de Telha conquistaram acesso ao território quando cerca de 10 trabalhadores escravizados foram libertados pela então proprietária das terras, Balbina Francisca de Siqueira, e receberam o território como herança. Porém, em 1970, os quilombolas foram expulsos violentamente por colonos europeus ou descendentes, hoje associados à produção agrária voltada à exportação.

Expulsas das terras, as famílias vivem sob constante ameaça de posse do lugar onde vivem, ocupando pequena porção da área originariamente conquistada ou em localidades próximas, reagrupadas em quatro núcleos: Barranco (localizado às margens da área original, em Reserva do Iguaçu), nos municípios de Pinhão e Guarapuava, e em um assentamento da reforma agrária, em Guarapuava.  Para Isabela, essa não é uma realidade que se restringe à sua comunidade, mas atinge os territórios quilombolas em todo o Brasil. Diante da inércia do Estado brasileiro, as comunidades quilombolas travam árdua batalha pela sobrevivência enfrentando o envenenamento crescente das águas e o esgotamento dos recursos naturais pelo agronegócio. Além disso, por se localizarem em áreas praieiras ou em florestas tropicais remanescentes são assediadas e têm os territórios expropriados pela indústria do turismo.

Quilombo é resistência

Se no senso comum persiste o imaginário de que Quilombo é um espaço de fuga, Isabela prefere explicá-lo enquanto um território e uma estratégia de resistência. “As comunidades quilombolas tradicionais, as comunidades de terreiro, as comunidades indígenas, são comunidades que conseguem preservar um pouco de humanidade que a gente tá perdendo em outros espaços”, define Isabela.

Somos todxs Isabela!

O objetivo da campanha Somos Todxs Defensorxs é dar visibilidade a casos de criminalização de defensoras e defensores, chamando a atenção para os processos de coerção e de violação de direitos de comunidades inteiras e seus porta-vozes, procurando fortalecer a sociedade civil e politizar o debate a respeito da perseguição violenta destes grupos sociais.

A campanha é uma realização da Plataforma de Direitos Humanos Dhesca Brasil, Movimento Nacional de Direitos Humanos, Intervozes e Justiça Global, com apoio do Fundo Brasil de Direitos Humanos.

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Comments (1)

  1. Se um formulario pergunta de minha cor, respondo: branca. Brasileira, descendente de italianos e “bugres”, como dizia minha mãe. Branca sim, mas consciente da dívida que nosso país tem com negros e índigenas. Negros, de diversas etnias e lugares da Africa, que construiram a agricultura do Brasil. Gente de pele colorida,dos quais foi roubado direito ao próprio filho, à própria crença, ao afeto e depois, a uma parcela infima da riqueza gerada a preço de suas vidas. Hora de pagar a conta.

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