Ladrões de galinha e o PDRS Xingu, por Claret Fernandes*

*para Combate Racismo Ambiental

Na casa do meu Avô, no interior de Minas Gerais, ladrões de galinha chegavam à noite em grupo e, dividindo-se, uns iam para o terreiro da sala e, enquanto assanhavam os cachorros na frente da morada, que ladravam enfurecidos, os comparsas passavam pelos fundos e faziam uma limpeza. Levavam mais que galinhas: carregavam rapadura, café, feijão, e tudo que achassem pela frente.

Essa encrenca repetiu-se anos a fio, em geral na época de colheita, com relativo prazo entre uma ação e outra para enrolar a memória. Até que um dia eles foram traídos pelo reconhecido chapéu do chefe do bando que, fugindo às pressas, com cães ao seu encalço, e atordoado com disparos de tiros de espingarda para o alto, foi deixado preso na cerca de bambu. E assim o mistério se desfez.

Algo semelhante à tática dos ladrões de galinha vem ocorrendo na região do Xingu, Amazônia brasileira, distante pelo menos três mil quilômetros da casa do meu Avô. É claro que não há cães nesse negócio aqui, – a não ser no seu sentido figurado -, os ladrões são mais robustos, e, os mecanismos de distração do povo, de entidades e de autoridades públicas, os mais variados.

O desvio de foco é perfeito! Graças a isso, Belo Monte caminha ligeira, apesar dos reclamos de atraso por parte do capital, e de forma extremamente arrogante e violenta, provocando retrocesso em direitos históricos dos atingidos e da classe trabalhadora conquistados com muita luta em outras regiões do Brasil.

Retroceder em direito significa inflacionar ainda mais o negócio das barragens. (mais…)

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Indígenas têm que ir para a capital e vencer o preconceito para fazer faculdade, mas continuam trabalhando por seus povos

Rosane, Terena, é enfermeira coordenadora da Casai (Casa de Apoio à Saúde Indígena) de Campo Grande, desde 2012. Rosaldo, Kinikinau, defende a causa indígena e contribui com seu povo na luta pela distribuição de terras em Porto Murtinho. Advogado e assessor jurídico do Cimi, o também Terena Luiz Henrique Eloy Amado é tido como exemplo na batalha pela causa indígena

Casal está oficializou a união em 2010. Foto: Renan Nucci
Casal oficializou a união em 2010. Foto: Renan Nucci

Por Renan Nucci, em Campo Grande News

Nascidos em aldeias indígenas do interior de Mato Grosso, o biólogo e professor Rosaldo Albuquerque de Souza, 40 anos, a enfermeira Rejane Miguel da Silva, 34 anos, e o advogado Luiz Henrique Eloy Amado, 25 anos, têm algo em comum: escolheram Campo Grande como cidade para construírem suas carreiras.

De famílias simples, eles precisaram driblar muitas dificuldades como o preconceito e a falta de dinheiro, para chegar aonde chegaram. Profissionais de sucesso nos dias de hoje, eles relatam como vieram à Capital sul-mato-grossense e como suas ações refletem nos índios do Estado. (mais…)

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CPT Mato Grosso – Nota de Repúdio e Denúncia

latifundio_mataA Comissão Pastoral da Terra, regional Mato Grosso, o Movimento Sem Terra – MST e demais entidades, abaixo assinadas, repudiam e denunciam os 03 assassinatos de lideranças do campo no Estado de Mato Grosso acontecidos todos na mesma semana

CPT – O primeiro assassinato, de dona Maria Lucia, sindicalista, aconteceu no dia 13 de agosto, quarta-feira, no município de União do Sul, Gleba Macaco, Assentamento Nova Conquista II, área reconhecida legalmente como Terras da União. Neste caso, as ameaças foram denunciadas na Ouvidoria Agrária Nacional e foram testemunhadas, inclusive, por oficiais de justiça. O crime foi cometido dentro do assentamento.

Os outros assassinatos aconteceram no dia 16, sábado, no Distrito de Guariba, no Município de Colniza e as vítimas foram Josias Paulino de Castro, presidente da Associação ASPRONU (Associação de Produtores Rurais Nova União), de 54 anos, e sua esposa, Ireni da Silva Castro, 35 anos.

Ainda no início do mês de agosto, aconteceu em Cuiabá uma Audiência com a Ouvidoria Agrária Nacional para tratar, dentre outros assuntos, do conflito de terra em Guariba, na qual participaram o desembargador Gercino José da Silva Filho, o representante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o Presidente do Intermat, o Comandante da Companhia da PM de Colniza, representantes do Incra, MPF, da Secretaria de Justiça de Estado, entre outras representações. (mais…)

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Família Camponesa tem casa incendiada no Maranhão

400_casa_incendiada_MAEm julho de 2014, todas as famílias do P.A São Francisco, zona rural de Bom Jesus das Selvas, foram despejadas por ordem judicial ilegal. No último dia 15 de agosto, a casa da liderança José Ribamar Silva, 57 anos, foi incendiada e metralhada por sete homens armados

Diogo Cabral – advogado da CPT no Maranhão

Como se não bastasse o despejo de famílias assentadas da reforma agrária, no último dia 15.08.2014, sete homens armados com pistolas e escopetas, a mando dos grileiros Anderson Silva Pinto e sua irmã Concita Silva, invadiram a casa da liderança rural José Ribamar da Silva, 57 anos, ocasião esta que incendiaram parte de sua residência e metralharam toda a parte interna da casa, lar de 6 trabalhadores rurais. Por sorte, o lavrador havia saído alguns minutos antes, para visitar sua mãe no Hospital de Bom Jesus das Selvas. Sabedores de seu paredeiro, o bando de jagunços se deslocou até o hospital com intento de matar José Ribamar, contudo, ao perceber a movimentação estranha, conseguiu fugir e se refugiar em local desconhecido. Até a presente data, Ribamar não conseguiu retornar para sua casa. (mais…)

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Para MPF/RS, venda do herbicida paraquat tem que ser proibida

PQ5!Do MPF/RS

O Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul (MPF/RS) e outras entidades participantes do Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos alertam para a urgência da proibição da venda no estado do paraqua, herbicida altamente perigoso para os humanos. O alerta foi feito em nota, aprovada em plenária do Fórum.

O encontro teve como objetivo informar aos participantes sobre as ações desenvolvidas pelas comissões criadas pelo Fórum.

Nota de repúdio ao uso do paraquat no Estado do RS

O Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, espaço permanente, plural, aberto e diversificado, o qual visa a debater questões relacionadas aos impactos negativos dos agrotóxicos e produtos afins na saúde do trabalhador, do consumidor, da população e do meio ambiente, possibilitando a troca livre de experiências e a articulação em rede da sociedade civil, instituições e Ministério Público, vem, por meio desta Nota Pública, manifestar profunda insatisfação quanto à liberação da distribuição e comercialização, no Estado do Rio Grande do Sul, de venenos agrícolas à base do ingrediente ativo paraquat, por conta de recentes decisões judiciais.

Oportuno afirmar que a legislação estadual do Rio Grande do Sul proíbe a venda e o uso neste Estado de compostos químicos vedados ou sem registro em seus países de origem, caso em que se inclui o paraquat. (mais…)

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Rede Internacional atualiza lista de agrotóxicos altamente perigosos

morte!_12Da PAN Internacional

Já está disponível a nova lista atualizada de pesticidas “altamente perigosos” produzida pela Rede Internacional de Pesticidas (PAN International).

A primeira versão foi feita em 2008 e publicada em janeiro de 2009. Desde então, a lista foi atualizada várias vezes, trazendo o ranking dos pesticidas mais nocivos à saúde da população e ao meio ambiente. 

Em 2013/2014, foi criado o Grupo de Trabalho sobre critérios de produção de pesticidas. A PAN International revisou esses critérios e atualizou a lista.  Esta mesma versão é baseada também na nova lista de critérios Hazard adotada pelo PAN em junho.  (mais…)

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Monsanto financia destruição do Cerrado no Baixo Parnaiba

monsoi escura horrívelMayron Régis, em Territórios Livre do Baixo Parnaíba

Ele esteve na casa do Vicente com a representante da Secretaria de Direitos Humanos ligada a Presidência da Republica. O Vicente explicou a ela as várias formas de pressão para sair de sua propriedade na Chapada do povoado Carrancas, município de Buriti. A representante pediu ao Vicente que telefonasse para a Secretaria quando o nível da pressão subisse. No final de julho e começo de agosto de 2014 a pressão subiu.

O plantador de soja André Augusto Kerber Introvini disputa com o Vicente de Paula uma área de 110 hectares de terras do Estado. O André liberou para que um madeireiro de Anapurus cortasse bacurizeiros dessa área. Com isso, ele pretende mudar a característica desse terreno que se recobre com bacurizeiros.

A família do Vicente e as famílias dos povoados Carrancas e Matinha vendem polpa dos bacuris que colhem dessa área.

Segundo o Vicente, a primeira vez que o André quis desmatar, alguém o impediu. Pode ter sido o Ministério Público.

A Raimunda, filha do Vicente, como forma de garantir a posse da sua família, resolveu construir sua casa no terreno. O senhor Mazinho, funcionário do André, ordenou que as obras da casa parassem senão o seu patrão viria com a policia.

Uma coisa que o Mazinho esqueceu que a policia, se não for flagrante, só aparece em uma residência com ordem judicial. O André não é juiz ou é?

Quem financia a produção do André e, por conseguinte, os seus desmatamentos do Cerrado, é a empresa Monsanto. O plantador de soja distribuiu várias placas com a marca da empresa por toda a Chapada.

Sobre essas placas, a senhora Maria Rita, esposa do Vicente, apenas diz que as crianças arrancam todas e jogam fora.

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“Temos que politizar o debate nas eleições e por o sistema político contra a parede”

Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST

O período eleitoral se aproxima. Após as mobilizações ocorridas em junho de 2013, o Brasil vive um processo de mobilizações populares que questionaram diversas vezes o fazer político tradicional. 

“As mobilizações mostraram que o povo quer ter mais voz ativa no rumo do país, e o sistema político brasileiro não dá conta dessas transformações; pelo contrário, tem cumprido um papel de barrar e dar lentidão às mudanças”, afirma Miguel Stedile, da coordenação nacional do MST.

Em entrevista ao JST, Miguel analisa que o papel do MST no processo eleitoral de 2014 deve ser de politizar esse período, para que bandeiras de interesse público, como as Reformas Agrária e Política, sejam debatidas pela sociedade. Confira a entrevista: 

Como você vê o período eleitoral depois das mobilizações iniciadas em junho do ano passado?

O MST vê esse período com bastante preocupação, porque percebemos que há uma ausência de diferenciação de projetos e dos candidatos. De certa forma, tem se evitado discutir os problemas estruturais da sociedade brasileira. 

Não só Reforma Agrária, mas a Reforma Política e o desenvolvimento do país não são debatidos. As eleições nos últimos anos têm sido cada vez mais despolitizadas.  (mais…)

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Oye, Eli Roth, sobre tu película de “horror-caníbal”

Nuevo film del realizador de “Hostel”, Eli Roth, refuerza estereotipos peyorativos de los pueblos indígenas

Por David Hill* – Servindi

The Green Inferno (El infierno verde) –resumida en Wikipedia como “thriller de horror-caníbal” sobre “un grupo idealista de estudiantes activistas [quienes] viajan a la Amazonia desde Nueva York para salvar a una tribu nativa a punto de desaparecer”– fue exhibida en el Festival Internacional de Cine de Edimburgo, en Escocia, en junio pasado.

¿Qué moviliza a estos activistas? Los comentarios en la página web de crítica Rotten Tomatoes aportan ciertos detalles, aunque divergentes –”para protestar contra empresarios que diezman a la población indígena”, “para frenar la demolición de la selva”, “evitar que una empresa constructora destruya a una tribu indigente” (sic), “protestar contra la deforestación ilegal”, “detener la perforación de un pozo de gas”– y en una entrevista el director de la película, Eli Roth, aparece diciendo: (mais…)

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Economia verde: o capitalismo em sua fase surreal

economia verde

CIMI – Algum dia da sua vida você chegou a imaginar que a espiritualidade dos povos indígenas poderia ser comprada? Nos seus piores sonhos, pensou em pagar pelo trabalho de polinização que as abelhas realizam desde que o mundo como conhecemos hoje é mundo? Concebeu que uma paisagem teria um valor definido em uma bolsa de valores? Ou, ainda, acreditou que seria possível pagar pelos conhecimentos milenares de comunidades tradicionais, como os pescadores artesanais e as quebradeiras de coco?

Mesmo considerando que os povos do Sul global foram, desde o início dos processos de colonização, literalmente roubados pelos países do Norte – através da intensa exploração mineral, da extração de madeira e biodiversidade, da usurpação de conhecimentos tradicionais e da escravidão -, as perguntas acima soam como surreais e inimagináveis. Isso se deve ao fato de que essas situações colocadas remetem a uma fronteira extremamente radical do capitalismo: a financeirização da natureza – que, aliás, só seria possível através da privatização da natureza. (mais…)

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