Uma curiosidade de quase um ano: o MPF na Bahia tomou medidas para descobrir e processar os responsáveis por este cartaz?

Cartaz ruralista, defendendo a violência contra os Tupinambá. Foto: Edson Silva (setembro de 2013)
Cartaz ruralista, defendendo a violência contra os Tupinambá. Foto: Edson Silva (setembro de 2013)

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

No dia 12 de setembro do ano passado, postei esta foto acompanhada de um pequeno texto com o título “No Sul da Bahia, fazendeiros disseminam racismo, incitam à violência contra os Tupinambá, e o governo nada faz!“. Nele, escrevi:

“A foto acima foi feita e enviada por Edson Silva para a lista do NEPE com o seguinte comentário: “O outdoor está em uma das estradas do Sul da Bahia onde fazendeiros são invasores das terras Tupinambá que se mobilizam pela demarcação. Racismo e preconceito explícito!”

Vale chamar a atenção para outro detalhe fundamental, entretanto: os dois ‘brancos’ que se escondem atrás do desenho arrredondado amarelo onde está escrito “Falsos Índios” portam, ambos, espingardas voltadas para direções opostas. No meu dicionário de imagens isso é uma clara incitação à violência, partindo de dois jagunços que, curiosamente, apontam para palavras que quase todas elas definem coisas que estão sendo impostas aos indígenas em boa parte dos estados brasileiros: injustiça, miséria, fome, morte, desemprego… Talvez desemprego não seja das coisas mais dramáticas que vêm ocorrendo com os povos originários, uma vez que sua concepção de mundo não é a mesma. Mas não há dúvida de que, de todas, genocídio é a que melhor se aplica diretamente a eles!

Afinal, o que o governo da Bahia e o federal estão esperando para mandar retirar e punir quem mandou fazer e quem está espalhando esse tipo de convite ao assassinato e à violência? Que morram mais indígenas? Quantos?

“Responda[,] governador[,] antes que seja tarde demais!”

Desde então, a republico e, mais que isso, sempre que posso a utilizo em palestras Brasil afora – uma delas, aliás, no Encontro Nacional de Procuradores da República, coincidentemente realizado poucos meses depois, no mesmo sul da Bahia. Mostro-a porque ela vale por um discurso sobre muitas das questões que costumo abordar, mas também gosto de usá-la provocativamente, dizendo que até agora não consegui descobrir o que foi feito em relação às pessoas que encomendaram, pagaram e postaram esse cartaz nos arredores de Buerarema.

É a pergunta que repito agora, publicamente, no mesmo espaço onde ela foi publicada pela primeira vez.

Comments (2)

  1. Um cartaz que influencia os ignorantes desavisados, fazendo com que a população desconfie das reivindicações justas dos indios.

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