64 pensadores e personalidades públicas – de todo o mundo – assinaram manifesto pedindo embargo de armas contra Israel, que recebe ajuda militar dos EUA
Por Guilherme Dearo, em Exame
Um manifesto publicado no The Guardian e assinado por 64 pensadores, políticos e outras figuras públicas pede um embargo a Israel por conta do conflito na Faixa de Gaza.
O texto diz que Israel se beneficia de acordos de cooperação militar e ajuda dos EUA e da União Europeia e afirma que tal poder de fogo conquistado está sendo usado para uma guerra contra a Palestina. Assim, eles pedem ao mundo um embargo militar, semelhante ao imposto ao governo sul-africano nos anos de apartheid.
Na lista, estão assinaturas de sete pessoas que já ganharam o Prêmio Nobel da Paz, entre eles o Arcebispo sul-africano Desmond Tutu. Também assinam o manifesto figuras de esquerda conhecidas, como o linguista Noam Chomsky, o músico Brian Eno, o ex-Pink Floyd Roger Waters, o cineasta Ken Loach e o pensador Slavoj Zizek.
Um nome brasileiro assinou o manifesto: Frei Betto, teólogo da libertação, da ala da Igreja Católica mais envolvida nos movimentos populares de esquerda.
O manifesto
“Mais uma vez, Israel lançou mão de toda a sua força militar contra a população palestina, particularmente na Faixa de Gaza, em um ato ilegal e desumado de agressão militar. A habilidade de Israel de lançar tais ataques devastadores com impunidade vem, em grande parte, da vasta cooperação militar internacional e do comércio que mantém com governos cúmplices ao redor do mundo. Durante o período 2008-2019, os Estados Unidos devem prover ajuda militar a Israel na ordem de 30 bilhões de dólares, enquanto as exportações militares anuais de Israel para o mundo atingiram bilhões de dólares.
Em anos recentes, países europeus exportaram bilhões de euros em armas para Israel; e a União Europeia tem fornecido a empresas militares israelenses bolsas de pesquisa na ordem de milhões. Economias emergentes como Índia, Brasil e Chile estão rapidamente aumentando o seu comércio e cooperação militar com Israel, apesar de seus estados apoiarem os direitos palestinos. Ao importar e exportar armas de Israel e facilitar o desenvolvimento da tecnologia militar israelense, os governos estão efetivamente mandando uma clara mensagem de aprovação para a agressão militar de Israel, incluindo os crimes de guerra e possivelmente os crimes contra a humanidade.
A tecnologia militar de Israel é marcada com o selo “testada em campo” e exportada para todo o mundo. O comércio militar e as pesquisas militares conjuntas reforçam a impunidade israelense ao cometer graves violações dos direitos internacionais e facilitam o enraizamento do sistema de ocupação israelense, colonização e negação sistemática dos direitos palestinos. Nós chamamos a ONU e os governos ao redor do mundo para tomar medidas imediatas para implementar um embargo militar claro e legal contra Israel, similiar ao imposto à África do Sul durante o Apartheid”.
A lista de assinaturas
– Adolfo Peres Esquivel: argentino, ativista de direitos humanos, Prêmio Nobel da Paz de 1980
– Ahdaf Soueif: escritora egípcia e inglesa
– Aki Olavi Kaurismäki: finlandês, diretor de cinema
– Alice Walker: escritora americana
– Arcebispo Desmond Tutu: sul-africano, Nobel da Paz de 1984
– Betty Williams: irlandesa, Nobel da Paz de 1976
– Boots Riley: rapper, poeta e produtor cultural dos EUA
– Brian Eno: músico inglês
– Caryl Churchill: dramaturga inglesa
– Chris Hedges: jornalista americano, Prêmio Pulitzer em 2002
– Cynthia McKinney: política e ativista americana
– David Palumbo-Liu: acadêmico americano
– Etienne Balibar: filósofo francês
– Federico Mayor Zaragoza: espanhol, ex-diretor-geral da Unesco
– Felim Egan: pintor irlandês
– Frei Betto: teólogo brasileiro
– Gillian Slovo: escritora inglesa e sul-africana
– Githa Hariharan: escritora indiana
– Giulio Marcon: político italiano
– Hilary Rose: pensadora inglesa
– Ilan Pappe: historiador israelense
– Ismail Coovadia: ex-embaixador sul-africano para Israel
– James Kelman: escritor escocês
– Janne Teller: escritora dinamarquesa
– Jeremy Corbyn: político inglês
– Joanna Rajkowska: artista polonesa
– Jody Williams: ativista americana, Nobel da Paz de 1997
– John Berger: artista inglês
– John Dugard: ex-juiz da Corte Internacional de Justiça, sul-africano
– John McDonnell: político inglês
– John Pilger: jornalista e cineasta australiano
– Judith Butler: filósofa americana
– Juliane House: pensadora alemã
– Karma Nabulsi: acadêmica inglesa e palestina
– Ken Loach: cineasta inglês
– Kool AD (Victor Vazquez): músico americano
– Liz Lochhead: poeta escocesa
– Luisa Morgantini: italiana, ex-vice-presidente do Parlamento Europeu
– Mairead Maguire: ativista irlandesa, Nobel da Paz de 1976
– Michael Mansfield: advogado inglês
– Michael Ondaatje: escritor canadense
– Mike Leigh: escritor e diretor inglês
– Naomi Wallace: poeta e dramaturga americana
– Noam Chomsky: escritor e pensador americano
– Nurit Peled: pensadora israelense
– Prabhat Patnaik: economista indiano
– Przemyslaw Wielgosz: polonês, editor-chefe da versão local do Le Monde Diplomatique
– Raja Shehadeh: autor e advogado palestino
– Rashid Khalidi: autor e pensador americano e palestino
– Richard Falk: americano, ex-responsável da ONU pelos territórios palestinos ocupados
– Rigoberta Menchú: ativista guatemalteca, Nobel da Paz de 1992
– Roger Waters: músico inglês
– Ronnie Kasrils: ex-ministro de governo sul-africano
– Rose Fenton: inglesa, diretora do Free World Centre
– Sabrina Mahfouz: autora inglesa
– Saleh Bakri: ator palestino
– Sir Geoffrey Bindman: advogado inglês
– Slavoj Zizek: pensador esloveno
– Steven Rose: acadêmico inglês
– Tom Leonard: escritor escocês
– Tunde Adebimpe: músico americano
– Victoria Brittain: jornalista inglesa
– Willie van Peer: acadêmico alemão
– Zwelinzima Vavi: sul-africano, secretário-geral do Cosatu
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ruben Siqueira.