Incra/MS cumpre imissão em posse de três imóveis na comunidade quilombola Furnas do Dionísio

Foto: Rachid Waqued
Foto: Rachid Waqued

Incra/MS – Servidores do Incra em Mato Grosso do Sul, acompanhados de Oficiais de Justiça e agentes da Polícia Federal, foram à comunidade quilombola Furnas do Dionísio para dar cumprimento na imissão em posse de três imóveis intrusos à área quilombola, que está localizado no município de Jaraguari (MS), distante 35 Km da capital Campo Grande.

Segundo Mauro Jacob, servidor do Incra, a operação, que ocorreu no dia 17 de junho, transcorreu dentro da normalidade e apenas uma das áreas não pode ser imitida em posse porque o Mandado de Imissão determinava que o Incra fosse imitido apenas na área titulada do imóvel, ou seja, em apenas 23 de um total de 59 hectares. Entretanto, com base nas matrículas apresentadas, não é possível reconstituir os perímetros das áreas tituladas e dessa forma, não é possível extremar a área titulada da área total do imóvel. A área total da comunidade é de 1.018,27 hectares, sendo que as áreas ainda em posse de proprietários não-quilombolas constituem 75,2 hectares.

Furnas do Dionísio possui certificação expedida pela Fundação Cultural Palmares; Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) publicado; Portaria de Reconhecimento do Território editada; Decreto Presidencial publicado declarando a área de Interesse Social; avaliação dos imóveis de não-quilombolas incidentes ao território finalizada, bem como a cadeia sucessória dominial.

Existem, hoje, na Superintendência Regional do Incra em Mato Grosso do Sul, 18 comunidades com seus processos de regularização fundiária em andamento, sendo que duas já obtiveram seus títulos expedidos pelo Instituto, que são: Comunidade Negra Rural Quilombola Chácara dos Buritis em Campo Grande e a Comunidade Negra Rural Quilombola de São Miguel em Maracaju. Outras duas, possuem título expedido pela Fundação Cultural Palmares: Comunidade Furnas da Boa Sorte (Corguinho) e Furnas do Dionísio (Jaraguari).

História

A comunidade foi fundada em 1901, por Dionísio Antônio Vieira, ou apenas “Véio Dionísio”, assim chamado por Dona Iracema, uma simpática moradora de 65 anos, que nunca se distanciou da comunidade. Ela conta que seu bisavô, ex-escravo, oriundo de Minas Gerais, deslocou-se com sua família na expectativa de encontrar solo produtivo no qual pudesse garantir a subsistência de seus familiares. O que ele encontrou foi muito mais do que uma terra fértil. A região escolhida por Dionísio possui paisagens naturais singulares, que surpreendem por tamanha beleza.

Furnas é constituída de pequenos sítios e chácaras, onde atualmente vivem cerca de 400 moradores, agrupados em 86 famílias que, assim como Dona Iracema, descendem diretamente de Dionísio. São eles, os “dionísios”, o maior tesouro desta comunidade.

Por meio da preservação das raízes e costumes herdados de seus fundadores, os moradores conseguem ter uma rotina muito parecida com a que tinham nos tempos de Dionísio. Apesar da idade, Dona Iracema ainda se levanta bem cedo para arar a terra e mudar o gado de pasto, enquanto seu marido cuida do engenho, de onde vem a maior parte do sustento da família. A produção de mandioca, cana-de-açúcar e seus derivados são a principal fonte de renda da comunidade, já que o excedente desta produção é comercializado com o Ceasa, na capital Campo Grande, ou vendida a visitantes.

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