Lógica binária: nosso maior orgulho nacional, por Leonardo Sakamoto

Leonardo Sakamoto

Criticou gastos para a Copa? Não gosta de futebol.

Foi à rua protestar? Quer derrubar o governo.

Elogiou uma ação do governo federal? Petralha.

Comentou que uma política de São Paulo era boa? Tucanalha.

É de esquerda? Então tem que fazer voto de pobreza.

É de direita? Chicoteia os empregados.

Defendeu sem-teto? Se não levar para casa, é hipócrita.

Torceu o nariz para o machismo? É bicha.

Fumou maconha? Amanhã, vai fumar crack.

Não tem Deus no coração? É do mal.

Criticou a violência policial? Quer policiais mortos.

Foi contra linchamento? É a favor de bandido.

Não postou foto? Não esteve lá. (E se não deu like, é porque não é amigo.)

Dançou animada na balada? Tá pedindo homem.

Vestiu saia curta na rua? Tá pedindo homem.

Sozinha no Carnaval? Tá pedindo homem.

Reclamou da concentração de verba pública para uma emissora de TV? Não pode ver novela.

É índio? Tem que andar nu e não ter carro.

Fez greve em ano de eleição? É da oposição ou inocente útil.

Não é homem? Então, tem que ser mulher.

Está conosco? Então, está contra nós.

Não é patriota? Pois é inimigo da nação.

Não o ama? Então, deixe-o.

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