Milícia privada da Odebrechet-Consórcio MaracanáX coage TekoHaw Maraká’nà, em território de uso público-comum

monica limaLaboratório de Direitos Humanos de Manguinhos

Na foto, a marca da violência praticada pelos seguranças da empresa Sunset, de segurança da Odebrechet, do Consórcio MaracanáX contra a participação das pessoas que chegavam para a aula de Tupi, no território de manejo indígena da Aldeia Maraká’nà, e não puderam se aproximar da roda, do encontro, por coação da polícia e da milícia (que não tem permissão para agir assim, em espaço público).

Os milicianos usaram de coação física (abuso de poder!), chegando a agredir fisicamente a companheira Mônica Lima , quando esta tentava garantir a participação de um parente indígena, Leandro Chinão, que tentava chegar ao local da atividade cultural e religiosa, mas foi impedido pelos milicianos!

“Vejam o que esses merdas, seguranças da Odebrecht, fizeram no meu braço neste momento. Dói muito mais por dentro, por ser agredida dentro do meu próprio território…O Estado é tão violador que estes homens batem em mulher, e indígena, e ficam impunes. Meu ódio só aumenta… Até porque sei que esses covardes assassinos fazem coisas piores. Seus nomes já estão na fogueira sagrada. Não passarão! Ayaya! Aldeia R(existe)!” disse Mônica.

Não era dia de jogo no estádio, mas no entorno da Aldeia acorreram cerca de 10 viaturas da PM, duas das GM, e uns tantos seguranças privados, perfazendo uma relação de mais de um policial por pessoa, contando crianças, idosos…

Desnecessário e constrangedor, mas reiterado, como perseguição política! Como racismo institucionalizado contra a cultura, religiosidade, direito à terra público-comunitária, ao trabalho, à manifestação política, à integridade física…

Existe uma decisão da Justiça Federal, que não foi derrubada, que determina a integração do manejo indígena ao “imóvel”… Desde 16 de dezembro de 2013 que esta sentença encontras-se suspensa, sem efetividade, de forma inconstitucional, contra a Justiça, por manus militaris de Cabral-Dilma e Fifa!

Por que é preciso dizer…

Por isto gritamos, contra este estado de exceção não-declarado, que Não Vai Ter Copa!

Contra o etnocídio indígena, contra o loteamento privado do Maraká’nà pelas majors transnacionais privadas do setor de alimentos, agrobusiness etc (Coca, MaCDonalds, Ambev, Odebrechet, etc) contra a memória das sementes tradicionais, de domesticação indígena, como patrimônio público da humanidade, gritamos: Não Vai Ter Copa!

Se a Copa virtual hiperrealizada de Nizan Guanaes* à Rede Goebels, vai ser ou não, pouco importa, senão a ousadia daqueles que passaram do discurso à ação! Dos que compreenderam a importância geoestratégica da Copa para o sistema-mundo capitalista e seu projeto fast food, de participação social desengajada, retórica, fast food, de macdonaldização da Justiça, do STF que aceitou a ‘legalidade’ da Lei da Copa, em nome da segurança jurídica dos contratos privados*2, do governo com a Fifa e com seus patrocinadores… Dos ‘licenciamentos ambientais’ fast food…

Para quem sofreu, e/ou incorporou o sofrimento daqueles que foram atingidos diretamente por este ‘megaevento’ privado transnacional e pelo projeto de cidade a ele inerente, esta ousadia é dignidade!

A Copa esperada pelo andar de cima não virá mesmo. Já não veio. A que acontecer nem será uma Brastemp e ainda corre o risco de condenar ad eternum, boca de sapo, o valor de marca de algumas destas majors privadas transnacionais…

Um exemplo deste risco, real, foi a campanha de final de ano da Coca-Cola reg. Eles tiraram da campanha qualquer associação à Copa. Esta campanha se dá (deu) em um período afetivo, de Natal e Ano Novo, que se requer sem ambiguidades, de forma a evitar qualquer dano à marca neste território da afetividade (da expectativa de uma felicidade futura, ou contida nos presentes, de familiaridade, de festa, de rito social…) fundamental à relação de consumo!

O marketing da Cocaratocloaca, Ambevtrangêncios, Itaúbolha, etc sabe o que significa, como aversão afetiva, a associação, pelo público jovem, da marca à uma imagem conservadora, expressa nas dezenas de banners rasgados da marca nas jornadas de 2013…

Mas voltou a carga, o status quo, como ator político-comunicacional! São zilhões investidos! Tem que dar retorno, rezam desesperados…. Só que Não Vai Ter Copa !

* Nizan Guanaes, o gênio da raça, da Copa do ufanismo atávico das bananas, ou do Neymar, ou seria da Lodduca, ou da Veja, ou do Daniel Alves?

*2 Dávalos, Pablo. pósneoliberalismo

 

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