Por Graciela Vizcay Gomez
Do Rebelión*
O Tribunal Administrativo Regional de Lazio (TAR) rechaçou a recusa apresentada por um agricultor de Friuli, região do extremo nordeste da Itália, que desafiou o decreto pelo qual o governo havia bloqueado durante 18 meses, em julho do ano passado, qualquer tipo de cultivo transgênico no país: de fato, o milho MON810 é o único autorizado na Europa. Portanto, a proibição segue em vigor, como informou o jornal La República, no dia 24 de abril.
Um fato histórico
Com esta decisão reiterou-se a proibição do cultivo de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) e também serviu como um alerta para o risco da contaminação.
Visto o compromisso final que está surgindo na Europa, contra os que defendem as empresas de engenharia genética e que querem proteger os produtos tradicionais, orgânicos e biodinâmicos e, de acordo com o anunciado pelos ministros italianos do Meio Ambiente, Gian Luca Galletti, e das Políticas Agrícolas, Maurizio Martina, a União Europeia se prepara para adotar a cláusula de salvaguarda para bloquear o cultivo de transgênicos nos casos em que, devido a especial formação do território, o risco de contaminação seja particularmente alto.
Como destaca o “Grupo de Trabalho para uma Itália livre de transgênicos”: “A Itália é o país mais exposto por este ponto de vista: o tamanho médio dos campos é de aproximadamente oito hectares, de modo que faz com que ele esteja em uma situação essencialmente impossível de sair das zonas tampão necessárias para evitar o risco de contaminação”.
De fato, o risco já se tornou real, ainda que muito limitado, quando um pequeno grupo de agricultores em Friuli cultivou sementes de milho OGM e o Serviço Florestal descobriu a contaminação de 10% nas áreas vizinhas cultivadas. De todo modo, no momento a opção pró OGM na Europa é muito limitada: em 2013, apenas a Espanha, Portugal, República Checa, Eslováquia e Romênia (5 países de um total de 28) cultivaram MON810 (cerca de 148 mil hectares de milho transgênico, quase todos na Espanha).
A decisão do TAR é uma “boa notícia”, segundo o ministro da Agricultura, Maurizio Martina. Para a ONG Legambiente, é uma “decisão histórica, uma grande vitória para a agricultura italiana de qualidade”. Para a Associação Italiana de Agricultura Biológica (AIAB), “A única maneira de salvar uma indústria é com a pena biológica de 3 bilhões de euros”. Também expressaram satisfação a Coldiretti (Confederação Nacional dos Agricultores Diretos) e a Confederação de Agricultores Italianos (CIA).
Há um ano para a realização do evento “Expo Milão 2015”, a Exposição Universal que reunirá mais de 140 países e ocorrerá entre 1º de maio e 31 de outubro de 2015 na Itália, serão tratados os temas “Alimentar o planeta. Energia para a Vida” – “ que transformará nosso país no centro de gravidade da economia da agricultura, a alimentação, a nutrição, o início de uma fase de incerteza sobre a decisão do TAR do Lazio, proibindo o cultivo de organismos geneticamente modificados (que aguardam a Iniciativa Europeia), seria um sinal com devastadoras repercussões”, disseram os promotores da conferência frente a notícia.
Em reposta grupos de ecologistas realizaram a alguns dias uma Contra Expo, a qual chamaram: “Para a Expo 2015: Alimentar o planeta sem transgênicos”. Como isto fosse pouco, a Santa Sé, também terá seu stand e o tema que inspirará seu Pavilhão será: “Não só de pão”.
Giuseppe Sala, comissionado do Governo italiano para a Expo Milano 2015, comentou que a “Expo Milano 2015 tinha posto o desafio de ser uma exposição colaborativa desde o início, para a discussão global dos principais desafios que a humanidade enfrenta. Isto ocorre por estarmos convencidos de que este é o papel que as Exposições Universais do século XXI devem ter. Em um mundo no qual muitas pessoas sofrem de fome e não têm acesso a água limpa, já não podemos ignorar a necessidade urgente de encontrar uma solução global que assegura há todo o mundo o direito a alimentos suficientes, saudáveis e seguros, garantindo um futuro sustentável”.
*A tradução é do Cepat
Parabéns! Sou Engenheiro Agrônomo e defendo a utilização de sementes crioulas. Não precisam do pacote de agrotóxicos que as sementes “melhoradas” e modificadas precisam para produzir. Moro no Semi-árido nordestino e estou com uma previsão de colher, agora, 40 sacas de milho e 15 sacas de feijão, sem usar uma gotinha sequer de agrotóxicos.
Visitem meu “face” e verão a maravilha!