“Devolvam a nossa terra que vocês levaram”

Índios e outros manifestantes carregam faixa na avenida Paulista

Índios guaranis fizeram protesto na avenida Paulista pedindo que ministro da Justiça assine demarcação de terras
por Piero Locatelli — Carta Capital

Cerca de 300 índios guaranis protestaram nesta quarta-feira 24 pedindo que a demarcação de terras no estado de São Paulo. Eles cantavam, em guarani, “devolvam a nossa terra que vocês levaram, para a gente poder viver”.

A campanha Resistência Guarani SP pede que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, assine o documento que garante a demarcação das terras indígenas Tenondé Porã, no extremo sul da capital paulista, e Jaraguá, no norte da cidade. Ambas as terras já foram reconhecidas pela Funai. Indígenas da aldeia Boa Vista, em Ubatuba, também participavam do protesto.

Enquanto aguardam a assinatura do ministro, estes indígenas estão confinados em terras com uma área quinhentas vezes menor que a já delimitada pela fundação. Segundo os guaranis, a demarcação possibilitaria retomar o seu modo de vida tradicional e sair da situação precária em que vivem.

Os índios se reuniram às cinco horas da tarde e seguiram em direção ao centro da cidade, após trancar a avenida Paulista. O ato faz parte de uma série de protestos feitos por eles. Na última semana, eles ocuparam o Pátio do Colégio –local jesuíta que marca a “fundação” da cidade de São Paulo.

No protesto, eles carregavam uma faixa escrito “assina logo, Cardozo”. Os indígenas reclamam da demora do ministro em assinar as portarias declaratórias. Segundo Jerá, da aldeia Tenondé Porã, a situação dos índios paulistas reflete a de todo o país. “A política de hoje é desfavorável a questão indígena em geral. Nenhum povo indígena tem sido beneficiado, é uma questão generalizada.”

Em entrevista nesta terça-feira 23, o ministro disse que a demarcação não é “uma questão de tempo”, mas “uma questão de cuidado.” Segundo Cardozo, a sua precaução evitaria a judicialização dos processos após a demarcação das terras. “O que acontece muitas vezes é que você baixa uma portaria demarcatória, e isso vai para a justiça. E esse é o pior dos mundos. Os índios pedem uma audiência com o ministro para tratar do assunto, mas dizem que até agora não tiveram respostas.

 

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