Conflito nas UPPs do Rio: duas visões dissidentes

Morro do Juramento, Zona Norte do Rio: ocupado desde sexta-feira (21/3) à noite
Morro do Juramento, Zona Norte do Rio: ocupado desde sexta-feira (21/3) à noite

Luiz Eduardo Soares alerta: Cabral quer guerra para salvar sua imagem. André M. relata: tudo começou com uma desocupação arbitrária

Por Luiz Eduardo Soares – Outras Palavras

[Leia sua entrevista sobre crise na segurança pública e possível desmilitarização da PM]

“Nada mais conveniente para um governo em ruína do que a oportunidade de uma guerra, porque nada dissolve tao rapidamente contradições quanto a identificação de inimigos, diante dos quais a sociedade dividida se coesiona e reforça a autoridade de seu líder. Foi assim com Videla, a crise da ditadura argentina e a guerra das Malvinas. Foi assim com Reagan, a crise social pós-queda do muro e a guerra às drogas. Foi assim com Bush, a crise interna de legitimidade e a guerra ao terror. E sera assim com Cabral, o desastre de seu governo e a guerra ao tráfico 2, o retorno, buscando reeditar a invasão militar do Alemão, com a cumplicidade ativa do governo federal e a cobertura preciosa da mídia neutra e objetiva. A refilmagem do Alemão, sucesso de público e crítica, em 2010, não seria possível sem tropas federais, cuja presença converte ações de (in)segurança pública em operação bélica, requalificando suspeitos de delitos como inimigos. Diz-se, com razão, que o patriotismo é o ultimo refúgio dos canalhas. Talvez se devesse acrescentar que o teatro da guerra ao tráfico, na abertura do ano eleitoral e nas vésperas de uma Copa contestada, é o ultimo suspiro da pusilanimidade política.”

Por André M. da Mídia Independente Coletiva

“Pelo menos três comunidades ocupadas por Unidades de Polícia Pacificadora do Estado do Rio de Janeiro tiveram ostensivos confrontos na noite desta quinta-feita, dia 20 de março de 2014.

“O mais violento ocorreu na Comunidade de Manguinhos, onde um contêiner da UPP na localidade Mandela foi incendiado, dois policiais foram atingidos e pelo menos seis moradores sofreram ferimentos até ultimo informe que recebemos. Dentre os militares feridos, estava o comandante da unidade local, baleado na perna com perigosa lesão na artéria femural, razão pela qual foi operado, o outro policial levou uma pedrada na cabeça e encontra-se em observação.

“Toda a confusão aconteceu quando a polícia tentou desocupar, segundo moradores sem apresentar mandado judicial, um prédio em que residem diversas famílias, as pessoas se revoltaram e a confusão tornou-se generalizada. No entanto, o comando da segurança fluminense alega que a ação foi orquestrada por traficantes, dado que deve ser melhor apurado pelos diversos setores da imprensa (independente ou corporativa).

“Na UPP do Camarista Méier, um ônibus foi incendiado na rua Maranhão e integrantes da unidade pacificadora relataram tiros, entretanto, não foi explicado de que direção e quem teria realizado tal ação. Por volta das 22h, foi confirmado outro confronto, no Complexo do Alemão, duas pessoas ficaram feridas e uma outra foi presa.

“O governador Sérgio Cabral alega que tais ataques visam enfraquecer o plano de pacificação, porém, o que se vê claramente é que as UPP’s não passam de um tentativa de coerção dentro das comunidades e que além dessa repressão nada foi apresentado como contrapartida para os moradores afetados.

“Mártires dessa ensandecida política são sacrificados a toda hora, vide o caso da mãe de família Claudia. Importante relatar que a diferença nos índices de violência é minima e os dados não são confiáveis. O próprio Secretário Beltrame admitiu para órgãos de imprensa que não existe uma “UPP social”, desse modo confirmando a grande falha de um governo que claramente está perdido e cada vez mais mete os pés pelas mãos.”

(André M. é operário da Mídia Independente Coletiva.)

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