Série sobre Indígenas da Aldeia YPo’i, em Paranhos, é selecionada para o 16ª Festival Nacional 5 Minutos na Bahia

Formado em jornalismo, Everson se encontrou na fotografia. (Foto: Cadu Modesto Flhur)
Formado em jornalismo, Everson se encontrou na fotografia. (Foto: Cadu Modesto Flhur)

Elverson Cardozo, Campo Grande News

Foi na graduação que o jornalista Everson Tavares, de 22 anos, teve contato com os movimentos em defesa das minorias e passou a se interessar pela realidade dos povos indígenas em Mato Grosso do Sul. Apaixonou-se pelo tema e, ainda estudante, aprofundou-se na discussão que, no final do curso, resultou em um webdocumentário como Trabalho de Conclusão de Curso.

Divida em cinco vídeos, a série “Tekohá – os filhos da terra”, que recebeu nota dez da banca examinadora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), chegou à Bahia e agora está entre os 50 trabalhos selecionados para a mostra competitiva do 16ª Festival Nacional 5 Minutos, realizado pela Funceb, a Fundação Cultural daquele Estado.

Sem tema definido, a ação, que incentiva a experimentação, produção e difusão do audiovisual no Brasil, é uma grande vitrine para o produto, que, assim como os outros, terá projeções em bares e prédios de valor arquitetônico.

Everson é o único representante de Mato Grosso do Sul selecionado para a mostra. Dos cinco “episódios” que compõem o webdocumentário, apenas dois foram enviados à comissão organizadora: “Os filhos da terra”, sobre a territorialidade, e “Caminho Natural”, que fala das crianças Guarani Nhandeva. O terceiro, “Nhandeci Rezadora”, está na suplência. “Ainda pode entrar”, explicou.

Os depoimentos que sustentam os registros foram gravados em Campo Grande, mas as “imagens de apoio” foram captadas na aldeia YPo’i, em Paranhos, a 469 quilômetros de Campo Grande.

“Fiquei cinco dias nessa área, que é de retomada. Ainda tem certo conflito com os fazendeiros. Fui como o pessoal do Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Lá eu coletei os ensaios fotográficos e audiovisuais”, contou, ao comentar que, na edição, aliou a fotografia e o vídeo.

Dos 259 inscritos, de todas as regiões do Brasil, 50 foram selecionados, mas apenas quatro serão premiados, disse. O primeiro lugar receberá R$ 12 mil, o segundo R$ 10 mil e o terceiro R$ 8 mil.

Everson está orgulhoso por contribuir com as “discussões das terras no Estado” e feliz por ver, mesmo em outro Estado, a valorização do audiovisual produzido em Campo Grande. “Mato Grosso do Sul, embora tenha uma tradição cinematográfica, não costuma exportar suas mídias”, afirmou.

Confira os três vídeos enviados:

O solo sagrado e o lugar de ser em um espaço revelam a importância do território para os povos tradicionais. O conceito é complexo, mistura sentimentos com sobrevivência. Difícil explicar para quem só entende o mundo a partir de cifras. Ainda assim, os povos indígenas se esforçam para serem compreendidos. Vídeo da série Tekohá – os filhos da Terra, um webdocumentário sobre a cultura dos povos indígenas como forma de resistência.

A cosmovisão dos povos indígenas enxerga a natureza como algo além de simples matéria-prima. A natureza é como um canto divino. Crescer entre as árvores concede às crianças uma noção de liberdade além da compreensão dos que vivem na cidade. A Natureza é o caminho.

Com um pedaço de taquara, um chacoalho indígena, a dança de seu corpo e o som em coro de diversos cantos ela afasta o mal, cuida das crianças e garante que o dia seguinte seja melhor. O rezador ou rezadora é figura central do modo de vida Ñandeva. Mas a tradição está ameaçada por outro tipo de sacerdote.

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