Menor acusa polícia de racismo: ‘Me batiam e me chamavam de negro’

Jovem diz ter sido agredido em Sete Barras, SP (Foto: Ivani Ramos / Arquivo Pessoal)
Jovem diz ter sido agredido em Sete Barras, SP
(Foto: Ivani Ramos / Arquivo Pessoal)

Agressão só parou quando menino contou que o pai era policial na região. Polícia Militar em Sete Barras, SP, promete investigar a ação dos policiais.

Jéssica Bitencourt, do G1 Santos

Um adolescente de 16 anos afirma que foi vítima de racismo, na última quarta-feira (5), em Sete Barras, no Vale do Ribeira. Ele conta que foi abordado e agredido por policiais militares quando retornava para casa, após ter acompanhado um bloco de Carnaval na cidade. Além de ter levado socos, o jovem tem marcas de cigarro espalhadas pelo corpo.

O garoto estava acompanhado por três amigos quando foi parado abordado pelos policiais, por volta das 4h. De acordo com ele, não houve revista, como é feito normalmente nesse tipo de ação. “Só um policial perguntou o que a gente estava fazendo lá e eu respondi que estava saindo do bloco. O resto já chegou batendo na gente”, conta o menino.

Ao descrever o comportamento dos policiais, ele afirma que foi obrigado a tirar o boné para que um deles batesse na sua cabeça. “Eles mandaram tirar o boné e o policial me bateu mais ainda. Levei seis pontos na cabeça por causa disso”, conta. O jovem também não esquece o que ouviu enquanto apanhava. “Me chamavam de negro e me batiam”, ressalta o adolescente, que foi obrigado a falar que era filho de policial para que os guardas parassem de agredi-lo.

A mãe do garoto, Ivani Ramos, relatou que acompanhou o bloco junto com o filho, mas foi para casa mais cedo. Ela só soube da ação dos policiais quando o menino já estava sendo socorrido. “O primo dele estava passando na rua, viu e me avisou. Quando eu soube, os próprios policiais que bateram estavam no hospital com ele e depois levaram para a delegacia”, descreve. Para ela, não houve motivo algum para a agressão. “Meu filho é um menino calmo, tranquilo, sai pouco de casa. Não entendo como isso aconteceu”, comenta Ivani.

Um boletim de ocorrência sobre o caso foi registrado na Delegacia Sede do município. Mas, de acordo com o adolescente, só a versão dos policiais consta no documento. “Eu e minha mãe ficamos trancados em uma salinha. Ninguém me perguntou nada”, lembra.

O Major da PM Nelson Proença afirma que a polícia recebeu um chamado quanto à uma ocorrência próximo ao terminal rodoviário de Sete Barras. “Nossa equipe foi até o local onde deteve um maior de idade e três menores. Se por ventura algum deles ficou insatisfeito com o atendimento prestado pela Polícia Militar basta comparecer à nossa sede onde iremos apurar a suposta irregularidade”, conclui.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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