BA – DPU pede punição de militares envolvidos em agressão a quilombolas do Rio dos Macacos

Lideranças do Quilombo Rio dos Macacos foram espancadas e presas pela Marinha em Aratu, Salvador (Margarida Neide | Ag. A TARDE)
Lideranças do Quilombo Rio dos Macacos foram espancadas e presas pela Marinha em Aratu, Salvador (Margarida Neide | Ag. A TARDE)

Agressão aos irmãos Rosimeire e Ednei dos Santos foi registrada em vídeo

Da Redação Correio 24 horas

A Defensoria Pública da União na Bahia recomendará à Marinha o afastamento dos militares envolvidos na agressão de quilombolas ocorrida no dia 6 de janeiro, na Base Naval de Aratu, além da abertura de Processo Administrativo Disciplinar. A agressão foi registrada em vídeo [da própria Marinha] divulgado nesta quinta-feira (13) pela TV Folha.

Para o defensor federal João Paulo Lordelo, as imagens deixam claro que houve agressão dos militares. “O comportamento dos militares foi totalmente injustificável. Em manifesto abuso, agiram de maneira extremamente violenta, agredindo membros da comunidade local. A tentativa de amarrar uma pessoa da comunidade tradicional revela o ‘modus operandi’ que, lamentavelmente, ainda é comum em alguns membros das instituições militares, em clara violação à legislação, ao bom-senso e ao sentimento de humanidade”, afirmou o defensor em nota à imprensa. 

O defensor diz ainda que as agressões aos membros da comunidade Rio dos Macacos são antigas e a omissão das autoridades em resolver o impasse pode gerar a responsabilização internacional do Estado Brasileiro. “A Defensoria Pública da União não hesitará em provocar a Corte Interamericana de Direitos Humanos, se esta for a última solução”.

Os irmãos Rosimeire e Ednei dos Santos, moradores do quilombo Rio dos Macacos, foram abordados na entrada da Base Naval quando chegavam de carro ao local. Um dos guardas abre a porta do motorista e joga o celular de Ednei para longe. Rosimeire sai do carro e discute com o guarda, mas é imobilizada por um militante [SIC] e jogada no chão. Outro soldado chega a sacar uma arma.

A cena foi presenciada pelas duas filhas de Rosimeire, de 17 e seis anos de idade. Pelo menos seis militares estavam no local. Os irmãos foram presos nas dependências do 2º Distrito Naval da Marinha, de onde só saíram à noite, segundo a Defensoria.

Em nota oficial, a Marinha afirmou que as detenções foram motivadas pelo comportamento e ameaças proferidas pelos irmãos. Os dois teriam sido “liberados após a situação ter sido controlada”. A Marinha afirmou ainda que um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado, com apoio do Ministério Público Militar, para apurar o caso.

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