Gilderlan Rodrigues, Cimi Regional Maranhão
Lideranças indígenas Guajajara da aldeia Mucura, localizada na Terra Indígena Arariboia, sudoeste do estado do Maranhão, apreenderam nesta quinta-feira, 7, dois caminhões e um jerico que retiravam madeira ilegal da área indígena. Os indígenas aguardam a presença de representantes da Funai e da Polícia Federal para retirar os veículos do seu território.
O clima na aldeia é tenso, cerca de 100 madeireiros ameaçam invadir a aldeia. Os indígenas temem que aconteça a invasão, uma vez que tais ameaças e práticas já ocorreram na Araribóia, bem como em outras terras indígenas do Maranhão.
Na Arariboia o histórico remonta assassinato e confrontos. Em 2007, os madeireiros invadiram a aldeia Lagoa Comprida e assassinaram Tomé Guajajara. Em 2008 os madeireiros invadiram essa mesma aldeia para retirar um caminhão que tinha sido apreendido pelos indígenas. Na ocasião, houve troca de tiros e parte da floresta foi incendiada pelos madeireiros.
Os Awá-Guajá, que vivem em situação de isolamento, habitam as terras da Arariboia. Vivem fugindo da frente madeireira, que a cada ano avança mais sobre o seu território, destruindo locais de caça e coleta, deixando os indígenas sem condições de viverem em paz. Em 2011, os madeireiros colocaram fogo em um acampamento dos Awá-Guajá sem contato e derrubaram as árvores em que os indígenas coletavam mel.
Em janeiro deste ano, cerca de 20 homens armados invadiram a base montada pelo povo Ka’apor para proteger o território das invasões. Esses homens humilharam o grupo, agrediram indígenas, ameaçaram matar lideranças e levaram o “jerico” que tinha sido apreendido pelos Ka’apor.
Cansados das invasões, os Tentehar/Guajajara da aldeia Mucura resolveram enfrentar a frente madeireira, que há muitos anos vem explorando o território e assassinando indígenas, e temem as represálias caso o Estado não tome as providências necessárias.
A prática de invasões madeireiras nas terras indígenas no Maranhão tem sido uma constante e esbarra na falta de fiscalização permanente por parte dos órgãos responsáveis, em especial, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado (SEMA). As serrarias da cidade de Amarante não são fiscalizadas, beneficiando o trato das toneladas de madeiras ilegais oriundas das Terras Indígenas Arariboia e Governador.
Os indígenas já comunicaram o fato à Funai e estão aguardando respostas. Esperamos que as providências sejam tomadas, o mais breve possível, no sentido se evitar uma invasão à aldeia, bem como que outras violências sejam cometidas contra a comunidade. A luta dos Tentehar/Guajajara pela preservação de seu território é árdua, mas as lideranças indígenas destacam que não vão desistir enquanto eles tiverem forças.