Advogado quer habeas corpus e transferência dos cinco indígenas Tenharim presos pela PF

Indios na aldeia Marmelo - Foto Avener Prado (Folhapress)
Indios na aldeia Marmelo – Foto Avener Prado (Folhapress)

Além do habeas corpus, Albuquerque irá solicitar a transferência dos detidos: “A cadeia onde eles estão é desumana. O chão estava molhado, inclusive dormiram a primeira noite neste chão molhado. Havia lixo, rato, barata. Completamente insalubre”, afirmou o advogado.

Por Juliana Coissi, da Folha

A defesa dos cinco índios tenharim que foram presos na noite de quinta-feira (30) em Humaitá (AM) vai pedir um habeas corpus para a soltura dos suspeitos. A Polícia Federal responsabiliza os cinco pela morte de três homens desaparecidos no mês passado.

O advogado Ricardo Tavares de Albuquerque, que representa os detidos, disse que não teve acesso ainda à íntegra do inquérito. Por essa razão, segundo ele, orientou os cinco indígenas a ficarem calados durante depoimento prestado na última sexta-feira (31) à polícia. Eles negam a acusação, conforme a defesa.

Para Albuquerque, as provas apresentadas pela PF são superficiais. “Os testemunhos são muito genéricos, de alguém que ouviu falar de outro. Não individualizam a conduta”, disse.

Tenharim na Folha - cronogrmaSegundo a polícia, os cinco índios da etnia mataram três pessoas e ocultaram os cadáveres. Apesar das buscas nas aldeias do território tenharim desde dezembro, ninguém foi localizado.

“As conclusões da investigação apontam para a ocorrência de homicídio praticado pelos presos dentro de uma das aldeias e posterior ocultação dos cadáveres. Os corpos ainda não foram localizados”, informou a PF.

Policiais encontraram peças queimadas de um veículo dentro da área indígena. O material está sendo analisado pela perícia para verificar se eram do carro onde estavam o funcionário da Eletrobras Aldeney Salvador, o representante comercial Luciano Ferreira e o professor Stef de Souza.

Os três viajavam juntos pela rodovia Transamazônica (BR-230), que corta o território tenharim, quando desapareceram, no dia 16 de dezembro. Em razão de os três não terem sido localizados, moradores chegaram a fazer um protesto e atearam fogo na sede da Funai no fim daquele mês.

Vivem no território tenharim cerca de 800 índios da etnia, que estão distribuídos em oito aldeias. A maioria da área está localizada na cidade de Humaitá, e índios cobram pedágio ao motorista que queira cortar o território via Transamazônica.

TRANSFERÊNCIA

Estão presos o cacique Domiceno, da aldeia Taboca, Valdinar e Simião, da aldeia Marmelo e os irmãos Gilvan e Gilson, da aldeia Kampinho. Eles dois são filhos do cacique Ivan, que morreu no fim do ano passado –segundo a polícia, o líder indígena caiu da moto.

Além do habeas corpus, Albuquerque irá solicitar a transferência dos detidos, que foram levados pela polícia para a penitenciária estadual Pandinha, em Porto Velho (RO), considerada de médio porte.

“A cadeia onde eles estão é desumana. O chão estava molhado, inclusive dormiram a primeira noite neste chão molhado. Havia lixo, rato, barata. Completamente insalubre”, afirmou o advogado.

A reportagem não conseguiu ouvir o governo de Rondônia, responsável pela administração do presídio de Pandinha, em relação às críticas sobre as condições da penitenciária.

Índios da etnia Jiahui em acampamento na floresta montado às pressas para fugir de ataque da população. Foto Avener Prado (Folhapress)
Índios da etnia Jiahui em acampamento na floresta montado às pressas para fugir de ataque da população. Foto Avener Prado (Folhapress)

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