Medo de ‘rolezinho’ faz JK Iguatemi barrar menores e até funcionários, em SP

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Após pedido do shopping, Justiça estabeleceu multa para quem participasse do evento

Por Marina Azaredo, em O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO – Marcado para o início da tarde deste sábado, 11, o “Rolezaum no Shoppim”, no JK Iguatemi, na zona sul de São Paulo, não aconteceu, mas causou apreensão entre lojistas e a administração do shopping. O evento tinha cerca de 2.200 confirmados no Facebook, mas segundo seu próprio criador, o professor de Inglês Giancarlo Ferreira, de 23 anos, tudo não passava de uma brincadeira. “Estamos buscando nossa criança interior e essa é apenas uma maneira de conectar pessoas em um ambiente seguro e confortável”, disse ele.

As portas de abertura automática do shopping permaneceram desligadas até por volta das 16h, e os seguranças organizaram uma espécie  de “seleção” na entrada. Menores de idade (ou quem parecesse menor de idade) desacompanhados eram barrados e só podiam entrar se comprovassem trabalhar no local.

“Eu cheguei e me pediram um documento. Quando apresentei, eles perguntaram se eu trabalhava aqui e pediram um cartão da loja. Aí não explicaram nada e me deixaram entrar”, contou Enock Reis, de 21 anos, vendedor da Luigi Bertolli.

Na entrada do shopping, um cartaz avisava que o “Rolezaum” tinha sido proibido por uma liminar de Justiça e que os participantes poderiam receber multar de R$ 10 mil. “A imprensa tem noticiado reiteradamente os abusos cometidos por alguns manifestantes. Ressalta-se que não se pretende impedir o direito de manifestação, mas este deve ser exercido dentro de limites que facilmente se extraem da interpretação sistemática do arcabouço constitucional”, diz a liminar do juiz Alberto Gibin Villela, da 14ª Vara Cível da Comarca de São Paulo.

O próprio Giancarlo não compareceu ao “Rolezaum”. “Estava de ressaca e não consegui acordar”, contou ele, que também não sabe de ninguém que tenha ido até o JK. De acordo com o professor, o shopping – um dos mais caros da cidade – foi escolhido porque ainda não havia sido organizado nenhum evento do tipo lá. “Não esperava toda essa repercussão”, garantiu. Giancarlo nega ainda que a brincadeira tenha sido uma crítica. “Deixo as críticas sociais para a academia.”

“Se eu soubesse desse evento nem teria vindo aqui. Poderia ter sido roubado no meio da confusão. Vi carros da polícia quando cheguei, mas imaginei que uma loja tinha sido assaltada, e não que havia possibilidade de arrastão”, comentou o consultor de vendas José Braz.

A notícia de que um “rolezinho” poderia ter acontecido no JK Iguatemi – um dos shoppings mais caros da cidade – também causou descrença entre alguns frequentadores. “Tem gente falando que esses rolezinhos são uma manifestação de vanguarda, mas isso é uma grande bobagem. E duvido que fosse acontecer aqui. Esse shopping é do Jereissati. Se acontece alguma coisa, o governador manda um batalhão inteiro da Policia Militar”, afirmou o advogado João Antônio Carlos da Silva, que fazia compras ao lado da mulher e da filha na tarde deste sábado.

Em nota, o shopping limitou-se a afirmar que “tem como procedimento padrão atuar para garantir a segurança e a tranquilidade de seus clientes, lojistas e colaboradores visando conforto nas compras, lazer, cultura e entretenimento”.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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