A ‘entrevista coletiva oficial exclusiva’ do delegado Alexandre Alves, da PF, em Humaitá

A Crítica de Humaitá - coletiva exclusiva

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

Como diz o nome, ‘entrevista coletiva’ tem por característica essencial o fato de reunir diversos jornalistas, de diferentes veículos, para buscar informações sobre determinada questão. Isso tira dela, pois, qualquer (1) caráter de exclusividade, já que é coletiva; e (2) possibilidade de ser ‘oficial’, uma vez que envolve perguntas e respostas, de mais de um repórter, que por sua vez com certeza escreverá a matéria ao seu jeito, priorizando as questões que achar mais importantes.

Tudo isso se torna ficção, entretanto, quando, como vemos na ilustração ao lado, A Crítica de Humaitá anuncia uma “Coletiva Oficial”, encimada pelo adjetivo “Exclusivo”! Mas o pior não é isso pois, a julgar por uma pesquisa em diferentes portais, de fato parece ter havido um só repórter, o qual escreveu um texto que sofreu apenas quatro tipos de mudanças, e assim mesmo eventualmente: às vezes na assinatura; outras, no título; algumas, na ilustração, e, finalmente, na presença ou ausência de numeração nas perguntas.

Diante dessa “entrevista coletiva oficial” fica extremamente difícil escaparmos da história única. Pode-se apenas escolher com qual ilustração ou onde lê-la: no Portal do Purus, no O Nortão, no Hoje Rondônia, no O Combatente…? Há outros, mas fiquemos por aqui e, feito este esclarecimento, opto por reproduzi-la diretamente da ‘entrevista coletiva exclusiva’ que gerou todas as outras.

Ah, a foto que antecede a matéria, facilmente identificável na sua origem, mostra o super caminhão que, ainda segundo a mesma fonte de informação, será usado para as investigações na Reserva Indígena. Acho que ele causaria impacto até mesmo nas comunidades cariocas, acostumadas já à visão do Caveirão. Imagino qual sensação provocará adentrando a Reserva e se aproximando das aldeias dos Tenharim!

A Crítica de Humaitá - unidade móvel

Policia federal concede entrevista, e anuncia fase de conclusão pericial

Por Chaguinha de Humaitá, em A Crítica de Humaitá

O delegado federal Alexandre Alves encarregado das investigações que apuram os fatos do desaparecimento de três pessoas ocorridos no dia 16 de dezembro na reserva indígena Tenharim na transamazônica, concedeu hoje (09) uma entrevista coletiva para a imprensa jornalística que acompanham o caso na região sul do Amazonas. O delegado iniciou cumprimentando os presentes dizendo que, as investigações estão em andamento e que já tem diversas pistas e dados para tentar solucionar o caso nos próximos dias, ele adiantou ainda que, resolveu revelar um pouco dos fatos em investigação para acalmar os moradores de Humaitá, Matupí e Apuí. O delegado revelou que esta entrando novamente para dentro da reserva indígena com equipamentos modernos como detectores de metal, analisado GPR de ultima geração, o que facilitará ainda mais a elucidação do caso. O delegado anunciou ainda que, esta levando consigo uma carreta contêiner com equipamentos e um escritório que deve auxiliar as investigações com mais rapidez.

Nossa redação esteve na coletiva para realizar perguntas que tragam contentamento aos nossos leitores a cerca do caso, afinal diversos veículos de informação de todo o Brasil, trazem informações e noticias desencontradas sem o respaldo oficial da investigação federal. O delegado Alexandre Alves respondeu uma série de perguntas feitas pelos repórteres presentes e nos respondeu todos os nossos questionamentos a cerca dos fatos até o momento. Leia com exclusividade as perguntas feitas ao delegado e tire suas conclusões sobre os fatos até o momento.

1º – Porque tanta demora na apuração dos fatos? Os índios Tenharins não estão colaborando com as investigações?

A demora ocorre em face ao território indígena ser extensa mais estamos caminhando em direção a elucidação dos fatos, já colhemos bastante dados e continuamos as buscas. Já encontramos peças de veiculo espalhadas na mata fechada e alguns objetos pessoais que estão sendo analisados e periciados. Quanto a colaboração dos Tenharins, eles mudaram sensivelmente os seus comportamentos e passaram a não colaborar diretamente com as investigações, porém, estamos no local fazendo buscas e colendo pistas para solucionar o caso o mais breve possível.

2º – O senhor tem ouvido diversas pessoas em Humaitá, e nos parece que, as investigações são somente aqui na cidade. O senhor tem autonomia para ouvir os indígenas?

Olha as investigações do caso na cidade já estão concluídas, as testemunhas da cidade já foram ouvidas, e a colaboração das informações colhidas aqui contribuirá para que eu possa ouvir também os indígenas já selecionados. Se estou entrando em direção a terra indígena é porque eu tenho autonomia. A terra indígena é um patrimônio da união e nós temos o dever de fiscalizar e atuar se preciso for para solucionar qualquer impasse, que posse ter surgido no momento. Os indígenas selecionados por nossa investigação e apuração dos fatos serão ouvidos normalmente.

3º – Na segunda-feira, dia em que o senhor entrou para a reserva indígena, passou em Humaitá um comboio da policia federal em direção a Porto Velho, segundo boatos espalhados na cidade, as viaturas não pararam aqui e criou-se a expectativa de que os corpos dos três desaparecidos haviam sido encontrados e encaminhados para investigação pericial é verdade este fato?

Não, não é verdade, isto é um boato que não deve ser levado em consideração, esta afirmação é falsa e não condiz com os fatos colhidos ate agora.

4º – Em sua ultima coletiva de imprensa, o senhor pediu um prazo de 36 horas para solucionar o impasse, já se passaram mais de uma semana, o que deu errado em suas previsões?

Este prazo eu não pedi, até porque eu trabalho com o prazo que é concedido legalmente para mim através do código penal, inclusive com a possibilidade de prorrogação caso seja necessário, o que ainda não é o caso.

5º – O senhor revelou há alguns dias atrás que encontraram algumas peças de um veículo que possivelmente poderia ser dos rapazes desaparecidos, a carta lauda de confirmação das características do veículo já chegou a suas mãos?

Olha encontramos peças e continuamos encontrando algumas pistas, inclusive como já falei, objetos pessoais que estão sob perícia e as peças encontradas tiveram seus números de série enviados a montadora do veículo para que possamos afirmar de quem são as peças e se as características informadas pela montadora são do carro procurado.

6º – O senhor acredita que ao identificar os autores deste possível assassinato, terá autonomia para prendê-lo na aldeia?

Com certeza, a constituição federal me assegura isso, a partir do momento em que for comprovado a participação de algum indígena no possível crime de assassinato, o juiz federal expede o mandato de prisão e ele será cumprido normalmente por nossa força federal, mesmo que ele esteja em aldeia ou em qualquer lugar no território nacional.

Comments (2)

  1. A pergunta final da matéria, onde se questiona “terá autonomia para prendê-lo na aldeia?” é bastante capciosa, assim como a resposta. Não existem suspeitos, antecipadamente o repórter condena os índios pelos crimes. É vergonhoso esse tipo de jornalismo. Que o Grande Espírito zele pelas almas de todos os envolvidos e traga luz a esse momento conflituoso.

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