ES – Xamãs fazem cura e reavaliam a vida do povo Guarani

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Ontem (15), nove xamãs das principais aldeias Guarani do país iniciaram um encontro que termina na quinta (19), na Aldeia Guarani Três Palmeiras, em Aracruz

Rogério Medeiros, Século Diário

No último domingo, na Aldeia Guarani Três Palmeiras, em Santa Cruz, no município de Aracruz, xamãs das principais aldeias guarani do país, iniciaram um encontro que vai até quinta-feira (19). São nove xamãs, sendo cinco homens e quatro mulheres, com os propósitos de reavaliar a vida do povo Guarani e levar a cura para os que estão doentes nas  suas quatro aldeias localizadas no município de Aracruz.

TatantinO xamã que no domingo realizou curas é parente de Tatantin Rua Retée (foto), a xamã que conduziu o grupo Guarani no Espírito Santo e gerou as atuais aldeias. Isto foi na passagem dos anos 60 para os  70. Quando pelas características geográficas da região, ela entendeu que havia chegado à Terra Sem Males (uma ideia de paraíso que estava incumbida de levar um grupo Guarani.

Esse encontro nacional dos xamãs no Espírito Santo pode parecer, à primeira vista, modesto pelo número de participantes, mas, em se tratando de xamãs, é bem expressivo. Pelas suas condições especiais e os poderes sobrenaturais de que desfrutam, além das condições serem o centro da vida de suas aldeias, esse número torna-se bastante representativo. Eles não passam hoje de mais de 20 no Brasil.

Neste encontro estão presentes xamãs do Rio Grande do Sul, do Paraná, do Rio de Janeiro e de Santa Catarina.

As aldeias Guarani do Espírito Santo deixaram de contar com a sua Xamã, Tatantin Rua Retée, faz 20 anos, após sua morte na aldeia Teka-Porã, em Santa Cruz.

Desde que Tatantin Rua Retée partiu, as aldeias do Espírito Santo, apesar de serem hoje bastante expressiva pelo seu contingente (mais de 600 índios), estão sem xamã. A formação de um xamã leva um enorme tempo. Ainda na infância isolados para exercitar a sua condição de guia religioso. Essa seleção é feita pela manifestação da criança.

No domingo, tanto na parte da manhã como da tarde os xamãs fizeram reflexões sobe a vida dos Guarani em suas aldeias  próximas dos brancos. Trataram dos problemas e dos riscos dessa proximidade. Os xamãs pregaram, até insistentemente,  do compromisso dos jovens para com Ñanderu (o Deus deles). Os Guarani são considerados pelas demais nações indígenas índios divinos. Sobretudo na intenção em levá-los para os cultos religiosos. E serviram-se ainda da ocasião para identificar as manifestações de Ñanderu. Trovoadas e relâmpagos servem, por exemplo, para que eles recorram à casa de reza.

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No domingo à noite, foi realizada a primeira sessão de cura. Foi no Opu (casa de reza) da aldeia onde realiza-se o encontro. O xamã que dirigiu o culto foi o da Aldeia Araponga, de Paraty, Rio de Janeiro. Tem o nome abrasileirado de Agostinho, mas responde por Tatutin Tria (primo da Tatantin). Ele realizou três tratamentos, chamando atenção uma espécie de cirurgia espiritual na qual o xamã tirou pela boca de um guarani algo que se assemelhava a um besouro. Depois da intervenção o guarani “operado” vomitou repetidas vezes.

(Não foi permitido fotografar dentro da casa de reza. As fotos são do momento da pregação) 

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