Polícia Civil investiga atentado contra líder indígena Paulino Terena em Miranda, MS

Carro de líder terena foi incendiado em estrada vicinal no município. Em novembro, ônibus escolar que transporta índios também foi queimado.

Tatiane Queiroz, do G1 MS

A Polícia Civil investiga um atentado contra um líder indígena terena em Miranda, a 203 km de Campo Grande. De acordo com o delegado Luís Alberto Ojeda, o caso ocorreu na madrugada de sexta-feira (6), em uma estrada vicinal que dá acesso à aldeia indígena Moreira. “Vamos investigar com cautela todos os fatos relatados pelo líder indígena”, disse Ojeda.

Segundo o relato do líder Paulino Terena, dois suspeitos, encapuzados, jogaram combustível no carro dele e, em seguida, atearam fogo.  O índio afirmou que estava sozinho dentro do veículo, mas que conseguiu fugir. Ele registrou um boletim de ocorrência por tentativa de homicídio na Polícia Civil.

Terena disse ao G1 que viu uma caminhonete desconhecida dentro da área ocupada pelos índios e decidiu ir atrás para tentar identificar o veículo. “Quando eu estava voltando, no caminho, apareceram dois homens encapuzados. O vidro do carro estava aberto, eles jogaram um líquido em mim e depois me seguraram”, relatou.

Ele afirmou ainda que foi agredido pelos suspeitos com tapas e socos. Ele conta conseguiu fugir pela porta do passageiro e se escondeu em um matagal.

Uma equipe de perícia esteve no local. O carro ficou destruído. Segundo Ojeda, o líder indígena passou por exame de corpo de delito. O caso foi registrado na Delegacia de Polícia Civil de Miranda e será investigado.

Áreas ocupadas
Índios da etnia terena ocuparam duas fazendas em Miranda em outubro de 2013. Eles pediram a presença de um grupo técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai) no local para dar continuidade ao trabalho de demarcação da área, que faz parte da Terra Indígena Pillad Rebuá, identificada pelo órgão com 10,4 mil hectares.

Uma das áreas ocupadas foi a chácara Boa Esperança, onde está instalada a empresa Trator Mil. A segunda propriedade, de acordo com Paulino Terena, não possui nome e estava arrendada para criação de gado.

De acordo com o líder, as terras são reivindicadas pelos índios terena desde 1950. Na aldeia Moreira, que fica ao lado das terras ocupadas, vivem aproximadamente 2,2 mil índios terena em uma área de 94 hectares.

Ônibus incendiado
Em novembro de 2013, um ônibus escolar que transportava indígenas foi incendiado na rua Belo Horizonte, em Miranda. O veículo havia deixado os alunos na aldeia e estava estacionado em frente à casa do motorista quando foi queimado. A Polícia investiga o caso.