“Nota da Aty Guasu é para o governo, justiça do Brasil, sociedades nacionais e internacionais”

basta de genocídio

Os fazendeiros/políticos atuais do MS são descendentes direito das tropas do bandeirante, em menos de 40 anos invadiram e destruíram mais de 200 aldeias tradicionais Guarani e Kaiowá no atual Estado de Mato Grosso do Sul. Nos últimos 50 anos em várias terras indígenas tradicionais comunidades Guarani e Kaiowá inteiras foram assassinados e exterminados pelos fazendeiros. No dia 30 de novembro de 2013, os fazendeiros pretendem revigorar as tropas do bandeirantes para dizimar os indígenas no Mato Grosso do Sul.

Nesta nota é descrito o tema relativo ao processo de destruições de mais de 200 aldeias antigas Guarani e Kaiowá pelos fazendeiros, promovidos a partir de 1950, destacando o genocídio e dizimação do povo Guarani e Kaiowá financiado pelos fazendeiros, ataque às comunidades Guarani e Kaiowá. Além disso, é delineado as formas das expulsões e expropriação dos Guarani e Kaiowá de territórios tradicionais Guarani e Kaiowá pelos fazendeiros.

A partir de 1950, os indígenas Guarani e Kaiowá foram escravizados para trabalhar na formação das fazendas. A partir de 1960, os fazendeiros passaram a financiar a destruições totais de todas as aldeias antigas dos indígenas Guarani e Kaiowá, promovendo despejos de várias comunidades indígenas e transferências compulsórias de centenas famílias grandes Guarani e Kaiowá para as Reservas Indígenas, jogados nas beiras das estradas. Essa nota trata-se de descrever os processos de invasões, destruições de várias aldeias antigas e assassinatos de indígenas Guarani e Kaiowá promovidos pelos fazendeiros a partir das décadas de 1950 e 1960. 

A princípio, é importante destacar que tanto as memórias dos Guarani e Kaiowá quanto a documentação oficial do governo brasileiro, sobretudo através dos arquivos do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), demonstram a destruições de mais de 200 aldeias antigas pelos fazendeiros. Além disso, há provas consistentes que várias famílias Guarani e Kaiowá foram atacadas e exterminadas nas suas aldeias antigas pelos pistoleiros contratados das fazendas. Essas 200 aldeias antigas destruídas pelos fazendeiros em meado das décadas de 1940 e 1950 estão localizadas nas regiões do rio Brilhante, rio Dourados, rio Apa, rio Amambai, rio Iguatemi, rio Mbarakay, rio Hovy, rio Pytã, etc. Desta forma, desde 1940, os pistoleiros dos fazendeiros já começaram a atacar, matar e expulsar os Guarani e kaiowá de seus territórios tradicionais.

Atualmente, 50 anos depois das destruições de 200 aldeias antigas, insatisfeitos os fazendeiros recomeçam a atacar, matar os indígenas Guarani e Kaiowá, visando contratação de pistoleiros para assassinar indígenas e destruir todas as aldeias tradicionais antigas.

No dia 20 de novembro, os fazendeiros anunciam na sua imprensa que já juntaram mais de 500 cabeças de gados para pagar o extermínio dos indígenas no Mato Grosso do Sul. Os fazendeiros e políticos anti-indígenas se manifestam, anunciam e se comprometem publicamente que vão contratar novamente os pistoleiros a partir do dia 30 de novembro de 2013, prometendo revigorar as tropas do bandeirante, com sede de derramar os sangues indígenas e finalizar o processo de extermínio indígenas no Mato Grosso do Sul iniciado em 1940.

É importante destacar que hoje os fazendeiros passaram a recorrer destacadamente a duas instâncias de poderes adversos para atacar a luta Guarani e Kaiowá pelas terras tradicionais. Como já dito, primeiro, passaram a recorrer a pistoleiros – que eles, recorrendo a um eufemismo, chamam de “seguranças armados” –, que já atacaram, destruíram as aldeias antigas, já despejaram os indígenas dos tekoha/terras indígenas tradicionais, além de assassinar lideranças, massacrar, torturar crianças, mulheres e idosas indígenas. Os pistoleiros e seus contratantes já agiram desde 1940 na região sul de MS e, só uma década, ou seja, entre 1990 e 2013, os pistoleiros contratados pelos fazendeiros já atuaram dezenas de vezes contra Guarani e Kaiowá indígenas que reocupavam suas terras tradicionais.

Quando os pistoleiros não conseguiram efetuar o despejo, os fazendeiros contrataram advogados para conseguir a ordem de despejo da Justiça Federal, a ser realizada pelas forças policiais. Avaliamos que a forma de agir dos agentes policiais não difere muito da dos pistoleiros: ambos utilizam armas pesadas, queimaram as casas das comunidades indígenas, ameaçaram e assustaram crianças, mulheres e idosos.

Por fim, destacamos que já houve vários despejos e assassinatos dos líderes indígenas realizados por pistoleiros na região de Cone Sul de MS. Além disso, neste segundo semestre de 2013, especificamente em novembro de 2013 estão em cursos vários processos ou pedidos de despejos judiciais pelos fazendeiros que em qualquer instante podem resultar em despejos Guarani e Kaiowá, autorizados, ou não, pela Justiça Federal. Essa é a preocupação principal das lideranças do povo Guarani e Kaiowá, por isso se preparam para se proteger das violências.

Importa destacar que hoje 20 de novembro de 2013, frente ao anuncio de ameaça de morte coletivo indígenas pelos fazendeiros, há também uma ordem de despejo judicial dos Guarani e Kaiowá do tekoha YVY KATU. A terra indígena Yvy Katu já é declarada e demarcada pelo governo federal. A mando dos fazendeiros a Justiça Federal de Navirai-MS autoriza violências contra as vidas dos indígenas no interior da terra indígena YVY KATU já demarcada os Guarani e Kaiowá em decorrência da ordem da justiça, os indígenas podem sofrer mais violência, massacre e extermínio em qualquer momento.

Os Guarani e Kaiowá do tekoha YVY KATU nessa situação histórica já nem sabem mais a quem recorrer para garantir os seus direitos, por isso recomeçam a se manifestar no tekoha YVY KATU.

Hoje, como se vê na mídia em MS, para grande parte dos políticos locais, jornalistas e, sobretudo, fazendeiros, os povos indígenas Guarani e Kaiowá seriam invasores de terras, e violentos, a serem exterminados pelos pistoleiros. Na concepção de “produtores rurais”, ou melhor, produtores de miséria e violência, os indígenas não deveriam reivindicar a implementação dos seus direitos, nem deveriam contar com a proteção das leis e da Justiça brasileiras. Em alto e bom som, anunciam na mídia deles que os indígenas serão mais assassinados, massacrados e escravizados, sob o regime de ameaça de morte dos pistoleiros contratados a partir do dia 30 de novembro de 2013.

De fato, o processo de genocídio e os assassinatos de líderes indígenas estão e estarão ocorrendo de forma perversa e cruel em todas as regiões do Mato Grosso Sul. É evidente que essa violência contra os indígenas em curso é não só permitida como também fomentada pelos próprios sistemas de justiça do Brasil e do governo brasileiro associado aos poderes políticos anti-indígenas e econômicos dominantes. Os direitos indígenas garantidos na Constituição Federal estão sendo claramente ignorados e desconhecidos na justiça federal localizada em Mato Grosso do Sul.

Tekoha Yvy Katu, 20 de novembro de 2013
Aty Guasu em LUTO E LUTA

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.