Crise mundial atrai cada vez mais imigrantes e refugiados ao Brasil

imigrantes_foto marcello casal jr. agência brasilAdital – Maior país da América do Sul, o Brasil, nos últimos anos, tem sido um atrativo para imigrantes em busca de novas oportunidades de vida. Vindos de países como Bolívia, Paraguai, Haiti, Cuba, Congo e outras nações, os imigrantes se fundem a um misto de culturas e enfrentam os obstáculos para se manterem no país. E é para falar sobre a integração entre imigrantes de diferentes países que a Missão Paz de São Paulo realiza nesta sexta-feira (8) o seminário “Vozes e olhares cruzados II – Imigrantes e Refugiados: processos de integração”.

De acordo com Paolo Parise, diretor do Centro de Estudos Migratório (CEM) da Missão Paz, o Brasil tem um número de imigrantes “muito baixo” (0,3%) se comparado aos índices dos países do hemisfério Norte como Estados Unidos e Suíça, onde os índices ultrapassam os 10 e os 20%, respectivamente. “O fato é que a crise internacional está atingindo esses países e o Brasil é um atrativo para os imigrantes em busca de novas oportunidades”, disse.

Segundo ele, hoje a migração é bem diferente daquela ocorrida entre o final do século XIX e início do século XX, quando italianos, alemães e japoneses foram atraídos pelo governo brasileiro para substituir a mão de obra e “embranquecer” a população. “Naquela época, os estrangeiros vinham trabalhar no campo, hoje vemos africanos e haitianos ‘formados’ vindo trabalhar como pedreiros e outros serviços simples em São Paulo, a maior cidade do Brasil”, explicou. Este processo, aliás, é bem semelhante ao que ocorre com alguns dos cerca de três milhões de brasileiros que vivem no exterior, e se sujeitam a trabalhar em serviços domésticos, por exemplo.

Sobre a forma como a população brasileira recebe os atuais imigrantes, Paolo disse que existe uma diferença na recepção de europeus, e africanos e latino-americanos. “O Brasil tem fama de acolher bem, é verdade, mas recebe bem os europeus. Quando são de países mais pobres, nem sempre os imigrantes são bem recebidos”, disse, relembrando o preconceito vivido pelos médicos cubanos ao chegarem ao Brasil recentemente. “Agora, os espanhóis, italianos e alemães, por exemplo, são bem-vindos no Brasil, mas nem sempre foi assim, eles sofreram rejeição naquela época [início do século passado] também”, completou.

Uma das principais nacionalidades de imigrantes que buscam abrigo humanitário no Brasil atualmente é a haitiana. De acordo com o diretor do CEM, mais de 19 mil haitianos vivem no país sul-americano fugindo, ainda, das terríveis consequências que o terremoto de janeiro de 2010 deixou no Haiti. Paolo destacou que 11 mil destes imigrantes foram atendidos pelas missões scalabrinianas (serviço religioso em atenção aos migrantes) em várias cidades brasileiras.

Além deles, os bolivianos também se destacam entre a população imigrante, junto com os paraguaios que costumam ser “esquecidos” na abordagem sobre o assunto. Apesar de receber muitos imigrantes, Paolo garante que o Brasil não tem políticas específicas para essa população. “Neste momento, o país dá muito mais atenção aos refugiados da África, Síria e Congo, por exemplo, do que aos imigrantes”, alertou.

Paolo destacou que o objetivo do evento é sensibilizar e dar visibilidade para a causa dos imigrantes e refugiados. Além disso, os participantes pretendem enviar sugestões de políticas públicas para a prefeitura de São Paulo, já que sentem a necessidade de o governo investir mais em política migratória.

O seminário, que é gratuito e aberto ao público, acontecerá no Instituto São Paulo de Estudos Superiores (ITESP) e contará com a presença de imigrantes e refugiados da Bolívia, China, Congo, Cuba, Haiti, Paraguai e Peru, além de migrantes brasileiros. Eles vão discutir temas relacionados a trabalho, saúde, educação, lazer e políticas públicas, através de mesas de debates, palestras, apresentações artísticas.

Além do teólogo Paolo Parise, diretor do Centro de Estudos Migratórios (CEM) também participam do evento Ana Paula Caffeu, coordenadora do Eixo Trabalho do Centro Pastoral e de Mediação dos Migrantes (CPMM) e o professor José Carlos Sebe Bom Meihy, da Diversitas (FFLCH/USP) e Unigranrio.

Missão Paz de São Paulo

A Missão Paz de São Paulo acolheu, em 2012, 4.573 imigrantes e refugiados, de 68 nacionalidades diferentes e de 20 denominações religiosas diversas. Entre as principais nacionalidades atendidas em 2013 estão: haitiana, boliviana, colombiana, peruana, chilena, congolesa, guineenses, cubanos, argentinos, angolanos e paraguaios – o correspondente a 88% dos que procuraram a entidade em São Paulo.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas através do site:

www.missaonspaz.org/inscricoes2013.

Para mais informações ligue para +55 (11) 3340-6952 ou envie e-mail para

[email protected].

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