
Câmara enviou ofício à PM para que fosse feita reintegração de posse. Três foram detidos, segundo a polícia; sindicato diz que há 5 feridos.
A Polícia Militar arrombou uma porta lateral da Câmara Municipal do Rio de Janeiro na noite deste sábado (28) para retirar os professores que ocupavam o local desde quinta-feira (26). Os professores disseram que foram retirados à força e, de acordo com o sindicato da categoria, cerca de 20 pessoas teriam ficado feridas. A 5ª DP (Mem de Sá) confirmou a detenção de três manifestantes, que foram liberados ainda na madrugada.
Professores contaram à GloboNews que os policiais agiram com violência e que muitos foram empurrados, o que resultou em ferimentos nas pernas e braços. Desta vez, os policiais não usaram balas de borracha no confonto, mas levaram um galão que expelia uma grande quantidade de gás de pimenta, segundo a GloboNews.
O G1 tentou falar com a Polícia Militar para confirmar as informações, mas não conseguiu contato. Em nota, a assessoria de imprensa da PM disse que cumpriu o mandato de reintegração de posse. “O comando da PM tentou durante todo o período de ocupação uma forma de entendimento, mas não houve acordo, a PM cumpriu a determinação da Justiça.”
Desocupação
Os policiais chegaram por volta das 21h à Câmara Municipal. A PM foi enviada depois de a casa enviar um ofício à corporação pedindo ajuda para que fosse feita a reintegração de posse. A rua teve de ser bloqueada.
A Câmara agradeceu o apoio da PM, “garantindo o pleno funcionamento do Legislativo Municipal”, segundo a nota, e contribuindo para a “preservação dos princípios democráticos”. “Durante os três dias de ocupação, todas as tentativas de diálogo com os manifestantes, promovidas pelos vereadores e agentes da PM, foram esgotadas — quatro horas de conversações na sexta-feira e mais cinco, neste sábado”.
A nota diz ainda que a reintegração de posse foi emitida pelo desembargador Fernando Fernandy Fernandes, cujo decisão diz que “… para o fiel acompanhamento dos trabalhos das Comissões e do Legislativo em geral, que se realizam em sessões públicas, os manifestantes têm livre acesso aos locais próprios, nos horários de funcionamento da Casa Legislativa. Não há necessidade, evidentemente, de se ocupar os recintos do prédio público, de uso especial, passando a morar no local, que não está preparado para tanto”.
Em outra nota, enviada na tarde de sábado, durante as quatro vezes em que o local foi invadido, a postura tomada pela casa foi a de buscar um diálogo democrático.
“Tentamos fazer com que os manifestantes, na época, entendessem que o Legislativo não pode parar de funcionar. Hoje, não se trata de ocupação pacífica e é clara a intenção de impedir o funcionamento da casa. A Justiça já havia expedido mandato de reintegração de posse duas vezes, nos casos das ocupações da casa ocorridos anteriormente. Desta forma, a Câmara não necessita recorrer novamente à Justiça, pois possui auto-executoriedade e poder de polícia para assegurar, como determina a Constituição Federal, seu livre funcionamento”, informou, em nota, a Câmara Municipal.

Greve desde 8 de agosto
Os professores da rede municipal entraram em greve no dia 8 de agosto e, após assembleia realizada na sexta-feira (27), na Cinelândia, ao lado da Câmara Municipal, decidiram pela manutenção da paralisação e pela continuidade da ocupação do plenário.
“Queremos a retirada desse projeto de plano de cargo do prefeito. Ele formulou a proposta de forma individual, não houve a discussão com o sindicato, apesar de ele ter se comprometido a fazer esse debate com a direção do sindicato antes de encaminhar para a Câmara. De posse desse conteúdo, verificamos que esse plano não aponta para uma valorização da categoria”, afirmou a coordenadora do sindicato Ivanete Conceição.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Thiago Lucas.