Audiência da CNV mostrará como igreja ajudou e perseguiu militantes políticos na ditadura

(foto: http://migre.me/g6KBo)
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Audiência do GT Igrejas no Rio de Janeiro, nos dias 17 e 18 de setembro, mostrará diferentes papéis assumidos pelas igrejas no Brasil durante os 21 anos de ditadura

IHU On-Line – Em uma iniciativa conjunta, a Comissão Nacional da Verdade e a Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro promovem audiência pública, nos dias 17 e 18 de setembro, no Auditório da CAARJ, no centro do Rio. O evento faz parte do Grupo de Trabalho “Papel das igrejas durante a ditadura” e terá transmissão ao vivo na internet pela CNV.

Haverá a coleta pública de vários depoimentos, com destaque para a participação de Dom Waldyr Calheiros, bispo emérito da diocese de Volta Redonda, líder religioso que deu abrigo e facilitou a fuga de diversos perseguidos políticos para outros países. Aos 90 anos, o testemunho de Dom Waldyr será exibido em vídeo pré-gravado pela CNV em parceria com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em virtude de suas condições de saúde.

Outro destaque será o depoimento do professor e bispo emérito da Igreja Metodista do Rio de Janeiro, Paulo Ayres Mattos, líder ecumênico, presidente da Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço. Mattos deu abrigo aos refugiados do Cone Sul que procuraram o Brasil nos anos 70 após os golpes militares no Chile, Uruguai e Argentina.

Também prestarão seus depoimentos as ex-presas políticas Jessie Jane e Letícia Contrim; e os ex-presos Marcos Arruda e Zwinglio Motta Dias, cujo irmão, Ivan Motta Dias, é um desaparecido político. Pastor presbiteriano, Zwinglio foi expulso do Seminário Presbiteriano de Campinas, em 1962, devido ao discurso teológico que adotava de salvação das almas, mas que passava pela ética e a preocupação social.

No dia 18, à tarde, haverá uma homenagem póstuma ao advogado de presos políticos Lysâneas Maciel, ex-deputado federal, que teve seu mandato cassado pela ditadura, e a Herbert de Souza, o Betinho, ex-líder da Juventude Universitária Católica e da Ação Popular durante a ditadura, que tornou-se um líder pelos direitos humanos após seu retorno ao Brasil.

O grupo de trabalho papel das igrejas durante a ditadura examina a postura política de instituições religiosas e seus integrantes em relação ao regime ditatorial. Busca esclarecer a participação de instituições religiosas cristãs e/ou de suas lideranças clérigas ou leigas, tanto no apoio a movimentos de resistência à ditadura, quanto na contribuição à repressão, analisando os fatos e as circunstâncias de graves violações de direitos humanos correlatos ao seu tema.

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