Polícia carioca tenta criminalizar mulher de Amarildo

amarildo uppDelegado que pediu prisão alegou envolvimento dela com o tráfico de drogas, mas foi desconsiderado. Corpo do pedreiro é procurado em lixão de Seropédica

Por Redação da RBA

Sem respostas pelo desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo, a polícia carioca pediu a prisão temporária de sua companheira, Elizabete Gomes da Silva. Segundo o advogado João Tancredo, responsável pela defesa da família, essa é uma tentativa de “criminalizar a vítima”.

Responsável pela prisão temporária de “Bete”, o delegado Ruchester Marreiros, ex-adjunto da 15ª Delegacia de Polícia, hoje na DRCI (Delegacia de Repressão a Crimes de Informática), alegou o envolvimento dela com o tráfico. Entretanto, o pedido foi desconsiderado pelo titular da delegacia, Orlando Zaccone, e pelo Ministério Público.

Para Tancredo, a medida é “uma clara tentativa de criminalizar a vítima”, lembrando a investigação do caso da engenheira Patrícia Amieiro, também desaparecida, na qual surgiu uma testemunha dizendo que ela havia ido comprar drogas em uma favela. “Você fala que a pessoa tinha ligação com o tráfico como se assim pudesse justificar a morte.”

Covardia

O advogado lembra as condições de extrema pobreza de Amarildo e da mulher, que dividiam um barraco de um cômodo com os seis filhos, sustentados por cerca de R$ 600 mensais que ele ganhava como ajudante de pedreiro.

Segundo a Polícia Civil, o pedido de prisão contra Elisabete foi desconsiderado por falta de provas que comprovassem que a “Bete” citada nas investigações era a mulher de Amarildo, e usado apenas como peça de informação do inquérito, já que o delegado Marreiros não estava mais lotado na delegacia.

Buscas

Os promotores de Justiça Décio Alonso e Paulo Roberto Mello Cunha, que atuam na Auditoria da Justiça Militar Estadual, acompanharam na última segunda (8) equipes da 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar e da Divisão de Homicídios (DH) nas buscas pelo corpo do trabalhador no Aterro Sanitário de Seropédica, na região metropolitana do Rio, para onde é levado todo o lixo produzido no município.

A ação é para determinar se o corpo de Amarildo poderia ter sido levado em um caminhão de lixo da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) da Rocinha para o aterro, conforme informou um policial lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, que teria recebido a informação de um tio que trabalha na coleta na comunidade.

“A busca de hoje é resultado de uma medida cautelar deferida pela Auditoria da Justiça Militar que cuida de todas as unidades de Polícia Pacificadora. É um esforço conjunto do Ministério Público e da PM para solucionar o caso”, disse o promotor Décio Alonso.

“As promotorias de Auditoria da Justiça Militar do MP-RJ abordam o caso com base nas condutas de organização de grupo para a prática de violência e desaparecimento forçado, enquanto a DH trabalha com a hipótese de homicídio”, explicou.

O pedreiro Amarildo de Souza, 43, está desaparecido desde o dia 14 de julho, quando foi levado algemado por policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha.

Com informações do portal de Notícias da Bol e reportagem da Agência Brasil.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Margaret Pereira.

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