Participação da juventude negra é foco de discurso da ministra na Conferência de Igualdade Racial de Sergipe

Destaque foi feito em meio à análise da conjuntura da III Conapir, que acontece em Brasília, no mês de novembro

“Se os jovens não estiverem sintonizados com esse momento, se não perceberem que existem políticas que garantem o seu acesso a oportunidades como o ingresso nas universidades, todo esse esforço estará comprometido”, declarou a Ministra Luiza Bairros na abertura da III Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial de Sergipe no dia 28 de agosto. O evento reuniu cerca de 250 pessoas e teve apresentações do grupo Axé Quizomba, e um toré dos índios Xakó do alto sertão sergipano, região que faz fronteira com o estado de Alagoas.

“É certo que, da forma como o Brasil se desenvolve hoje, se não assegurarmos a entrada principalmente dos mais jovens nessas oportunidades, continuaremos sem ter lugar no desenvolvimento brasileiro”, disse ainda a chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR).

As afirmações foram feitas em meio à análise da conjuntura em que se dá a III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, a III Conapir, que reunirá convidados, autoridades, parlamentares e cerca de 1,2 mil delegadas e delegados em Brasília, de 5 a 7 de novembro, para ampliar as discussões iniciadas nas etapas municipais e estaduais em torno do tema Democracia e desenvolvimento sem racismo: por um Brasil afirmativo.

Oportunidades

A chefe da SEPPIR falou sobre as oportunidades criadas pelo governo federal para a população jovem, destacando o Universidade para Todos e o Fies, programas que oferecem bolsa de estudo e financiamento para jovens negros acessarem o ensino superior, inclusive em instituições particulares. “De cerca de um milhão de bolsas distribuídas pelo ProUni, aproximadamente 50% foi para estudantes negros. Do mesmo modo, com a Lei de Cotas, sancionada pela presidenta Dilma em 2012, teremos condições de ter uma entrada média de 50 mil estudantes negros por ano nas universidades até 2016”, afirmou.

Além das oportunidades para a juventude negra, a ministra trouxe outros exemplos de ações governamentais que justificam a análise sobre a conjuntura em que será realizada a III Conapir, que afirma ser “completamente diferente das circunstâncias em que ocorreram as conferências anteriores”, até mesmo em função da ampliação da consciência racial no país. “Em 2010, pela primeira vez o censo da população (IBGE) registrou uma maioria de negros no Brasil. Isso aconteceu fundamentalmente porque as pessoas negras deixaram de ter vergonha de dizer que eram negras”, afirmou.

A instituição do Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010), assim como a implementação dos Planos Nacionais de Desenvolvimento Sustentável para Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e dos Povos Ciganos, e do Programa Brasil Quilombola, foram outros exemplos de avanços trazidos pela ministra para definir o ambiente favorável da III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, maior atividade política da SEPPIR em 2013.

Demandas de Sergipe
“Todos os segmentos estão contemplados na nossa delegação para a etapa nacional em Brasília, graças à construção que fizemos”, declarou Carlos Augusto Conceição, do Movimento Negro Unificado. Representante da sociedade civil, Carlos destacou como principal demanda da III Conepir a necessidade de instituição de um órgão estruturado e competente para responder pela agenda de promoção da igualdade racial no estado. A reivindicação foi reforçada por Irivan de Assis, do Fórum Estadual de Matriz Africana, que acrescentou a pertinência da criação de um fundo para dar suporte financeiro à instância.

O secretário de Direitos Humanos e da Cidadania de Sergipe, Luiz Eduardo Oliva, anunciou a instalação do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, cujo projeto ele disse que “está sendo finalizado para tramitação na Assembleia”. Oliva destacou ações do governo do estadual direcionadas à população negra como o Sergipe Quilombola, que segundo afirmou dispõe de R$ 55 milhões para atender 23 comunidades em oito territórios com projetos de desenvolvimento, inclusão social e produtiva. Além disso, o gestor prometeu a criação de um Comitê Técnico para implementação da Lei 10.639/2003 e a criação de Comissões Intersetoriais para assumirem as agendas de terreiro e de quilombos no estado.

Também participaram da mesa de abertura do evento a secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Maria Perez, e os representantes da Comissão Organizadora da Conferência de Sergipe, Paulo Neves, e da Liga de Blocos Carnavalescos de Afoxé, Gibaldo Santos.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.