Nota de repúdio às declarações da Profª. Maristela Basso sobre a Bolívia

1175502_566640256731308_1605943145_nO Centro Acadêmico Guimarães Rosa (Relações Internacionais – USP) vem a público manifestar seu amplo repúdio e indignação em relação às declarações da Professora de Direito Internacional da USP, Maristela Basso, sobre a Bolívia e o povo boliviano. Comentarista política do telejornal da TV Cultura, a docente disse no programa do dia 29/8/2013:

“A Bolívia é insignificante em todas as perspectivas, (…) nós não temos nenhuma relação estratégica com a Bolívia, nós não temos nenhum interesse comercial com a Bolívia, os brasileiros não querem ir para a Bolívia, os bolivianos que vêm de lá e vêm tentando uma vida melhor aqui não contribuem para o desenvolvimento tecnológico, cultural, social, desenvolvimentista do Brasil.”

O fato de a Bolívia supostamente não ter relevância econômico-comercial para o Brasil e ser um país pobre não a torna menos merecedora de nosso mais profundo respeito. Da mesma forma, os imigrantes bolivianos que vêm ao Brasil “tentar uma vida melhor” e que de maneira geral sofrem com as intempéries do trabalho precário e da subcidadania merecem no mínimo a nossa solidariedade. 

Respeito e solidariedade foram conceitos que passaram longe da declaração professora Maristela Basso. É estarrecedora a tranquilidade e a naturalidade com a qual ela fez o seu comentário explicitamente degradante e xenofóbico em relação a um país vizinho.

A fala da professora expressa o mesmo desprezo que um brasileiro ou qualquer outro latino-americano poderia sofrer por parte dos países “desenvolvidos” – muitos dos quais, não por coincidência, nossos colonizadores. Desconheceria a docente que nós também compartilhamos de um passado colonial? Ou talvez isso simplesmente não importe quando supostamente não existem “interesses estratégicos e comerciais”, o que nos faz pensar sobre o lugar que ocupam as temáticas de paz e direitos humanos nos estudos e preocupações da professora.

O fato é que nós temos muito mais a ver com a Bolívia do que quer dar a entender a fala de Maristela Basso. Compartilhamos com este país vizinho e o resto da América Latina de um passado de brutal exploração. Uma exploração que começou com a colonização, mas que não acabou com ela e cujos efeitos ainda tentamos superar. Exploração que ainda predomina na mente colonial dos “países desenvolvidos”, ao inferiorizar tanto os governos quanto a população latino-americanos, incluindo o Brasil. Não podemos nos tornar iguais àqueles que nos subjugam.

Há razões históricas para a Bolívia ser pobre como é hoje em dia e para haver tantos imigrantes bolivianos se arriscando no Brasil. São as mesmas razões pelas quais em toda América Latina, incluindo o Brasil – como se sabe ainda um dos países mais desiguais do mundo – há tanta pobreza. Uma delas certamente é a obra histórica da uma elite que descolonizou o continente em proveito próprio, mas jamais para emancipar de fato o seu país e o seu povo. Elite que, afinal, pensava como o colonizador. E que falava como Maristela Basso fala.

É, portanto, essa mentalidade negligente com o nosso passado e que subsidia com naturalidade a xenofobia o que de fato não contribui, em nenhuma perspectiva, para o nosso desenvolvimento. E é contra essa mentalidade – tão bem representada pela lamentável fala de Maristela Basso – que apresentamos todo nosso repúdio.

Com a mesma determinação, nos solidarizamos com a Bolívia, o povo boliviano e os imigrantes que aqui vivem e convidamos a todas as entidades interessadas a assinar e divulgar essa nota.

Atenciosamente,

Centro Acadêmico Guimarães Rosa

Comments (6)

  1. Impressiona ver que esse jumento pseudo-acadêmico tenha virado verbete na Wikipedia, e seja professora da sisuda USP. Foi advogada dos torcedores corintianos presos na Bolívia, e ao não conseguir libertá-los foi destituída da causa. Sua raiva com esse país, devido a esse fato, e seu conhecido deslumbramento com câmeras e holofotes, lhe fez emitir opinião absurda, racista e xenofóbica, sobre aquilo que ela não faz a mínima ideia do que se trate. Qual o motivo da USP não demitir essa anta da cadeira de direito internacional? a permanência dela é um desprestigio para a instituição.

  2. Eu só boliviano que mora no Brasil essa mulher ela não conhece meu pais, ela precisa viajar para meu pais para ver a realidade e não continuar com a ignorância e racismo que ela mostra ela se diz que é professora ,professora a onde , por gente de esse tipo que o Brasil esta com roubalheira, corrupção y muito mais vai estudar Maristela Bosso quem sabe aprende a se expressar melhor .

  3. Infelizmente esta informação não acompanhou a Nota, que nós também gostaríamos de assinar…

  4. Declarações inoportunas, desrespeitosas, preconceituosas e sem base na realidade. De quem não conhece o Brssil nem a Bolivia. Apoio o repudio!

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