MG – Com a reforma da Lei Florestal, volta o debate sobre carvão

Sem poder usar carvão originário das matas nativas de Minas, siderúrgicas estariam importando
Sem poder usar carvão originário das matas nativas de Minas, siderúrgicas estariam importando

Alberto Sena – Hoje em Dia

Uma frente composta por 17 organizações ambientalistas, denominada Frente pela Biodiversidade e encabeçada pela Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), está mobilizada a fim de impedir um relaxamento das normas ambientais do Estado durante o processo de reforma da Lei Florestal Mineira (Lei 14.309).

Tramita na Assembleia Legislativa de Minas Gerais um projeto para adequação da Lei Florestal Mineira ao Código Florestal Brasileiro, tornando-a menos restritiva. Para Maria Dalce Ricas, superintendente da Amda, a reforma nesses moldes prenuncia um desastre ambiental no Estado.

Ambientalistas, representantes empresariais e deputados se encontrarão no próximo dia 20, quando acontecerá audiência pública na Assembleia Legislativa. Durante o encontro, o presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Célio Moreira (PSDB), reunirá sugestões que subsidiarão a redação de um substitutivo ao projeto de lei.

“Não vamos enfiar nada goela abaixo de ninguém; tudo será discutido”, assegura o deputado.

Queda de braço

As partes que se enfrentarão no processo de reforma da lei (ambientalistas, empresários do setor siderúrgico e do agronegócio, além dos deputados estaduais) já medem forças há cerca de meio século na questão do uso de carvão de matas de origem nativa para produção de ferro-gusa.

Nesse ponto, a Lei Florestal estabeleceu um cronograma que permite às empresas de ferro-gusa e de ferroligas usarem, até o final deste ano, 15% de carvão originário de matas nativas; entre 2014 e 2018, o limite será de 10% e, a partir de 2018, de 5%. O restante do carvão deveria ser originário de florestas plantadas e sustentáveis.

O problema é que o cronograma não inclui restrição à entrada de carvão nativo de outros Estados. Assim, Minas Gerais, segundo a Frente pela Biodiversidade, incentiva o desmatamento da Mata Atlântica dos estados do Piauí, Bahia e das formações de cerrado do Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “Até carvão de Santa Catarina, Paraná e da floresta tropical Amazônica chega a Minas Gerais”, denuncia a superintendente da Amda.

Tempo de sobra

Segundo o professor aposentado Luiz Eduardo Fontes, da Ambiente Brasil, entidade que integra a Frente pela Biodiversidade, “as empresas já tiveram tempo de sobra para plantar florestas próprias. As poucas que plantaram e hoje são autossuficientes têm custo operacional mais alto, mas são tratadas pelo poder público da mesma forma que as outras que degradam e desrespeitam leis ambientais, tributárias e trabalhistas. Isso se chama concorrência desleal patrocinada pelo governo e Minas Gerais não pode manter essa situação”, alerta.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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