Às vésperas de encontro, Foro de SP é alvo de ameaças de grupos direitistas

Página inicial da página contra o Foro São Paulo
Página inicial da página contra o Foro São Paulo

Páginas e eventos na web foram criados contra evento, que reúne partidos e movimentos da esquerda latino-americana

Por  Dodô Calixto, em Opera Mundi

página “manifestação contra o Foro São Paulo” foi criada no Facebook em junho de 2013, na esteira dos protestos pela redução das tarifas de ônibus no Brasil. O objetivo, segundo a descrição oficial, é “organizar ações contra o Foro de São Paulo, visando investigar e divulgar as intenções dessa cúpula socialista latina. AUDITORIA JÁ no Foro SP!”

Assim como esta, diversas outras páginas e eventos foram criados nas últimas semanas na rede social contra o grupo, que reúne partidos políticos e organizações da esquerda latino-americana. Criado em 1990, os encontros anuais servem para discutir e promover a integração econômica, política e cultural da região. Nesse ano, o Foro acontece em São Paulo, de 31 de julho a 4 de agosto.

Detalhe curioso é que a foto de exibição da comunidade é do ex-presidente Lula, trajado nas roupas e com o aspecto sombrio de Don Vito Corleone, “o poderoso chefão”, clássico personagem fictício do romance de Mario Puzzo – adaptado ao cinema por Ford Coppola. São mais de dois mil “curtir” à página.

“Enquanto essa turma do Foro São Paulo estiver no poder, não há horizontes para a América Latina. Não haverá projeto de país, não haverá projeto de indivíduo… (Eles) só visam ganhar poder, com as alianças mais imorais possíveis entre as instituições humanas. Governos ligados à MIR, FARC, Sendero Luminoso… onde vocês acham que vamos chegar”, indagam na página após publicar foto de Dilma e Cristina Kirchner.

A direção do Foro São Paulo acredita que a maioria das pessoas que protesta contra o evento “tem a cabeça na década de 50, promovendo o pensamento da esquerda diabólica, com teorias da conspiração e sobre um golpe comunista do país”.

“É muita desinformação que vemos nessas páginas. É assustador do ponto de vista intelectual que algumas pessoas acreditem em golpe comunista ou que o Foro São Paulo tenha a intenção de tomar o poder. Desde 1998, todos os líderes ligados ao Foro foram eleitos de forma democrática por mecanismos que eles (de direita) criaram”, afirmou a Opera Mundi o secretário-executivo do Foro SP, Valter Pomar.

São grupos de diversas naturezas que atacam a organização do evento: “mulheres conservadoras”, “comando de caça aos corruptos“, “direita realista“, “direita política“, “marcha da família” e, até mesmo, “meu professor de história mentiu pra mim“. O ponto em comum entre todas elas, além é claro da oposição ao Foro SP, é a agenda conservadora em relação às questões vitais dos direitos civis.

O que chama a atenção é que, pela primeira vez  desde a fundação do Foro São Paulo, os olhares conservadores se voltaram para o evento. Pomar, no entanto, afirma “não ser possível ter com precisão se a oposição ao evento é orquestrada” ou não.

No total, são mais de dez páginas no Facebook. Em uma delas, criada pelo perfil Golpe Militar em 2014, mais de 500 pessoas já confirmaram presença na “passeata contra o Foro”, marcada para o dia 03 de agosto. Já a página do “Fora Foro de São Paulo” publicou nesta terça-feira (09/07) um texto do Facebook Brasil, reclamando “de outros perfis fechados” pela empresa por conteúdo impróprio.

Reprodução Facebook
Reprodução Facebook. A direita fascista cada vez mais agitada…

Em alguns dos textos compartilhados, os opositores apresentam teorias que a mídia privada – como o Jornal Nacional da TV Globo, por exemplo – está omitindo o evento com o objetivo de “não deixar a população brasileira saber sobre a possibilidade do golpe de esquerda”.

Opera Mundi procurou os responsáveis pelas páginas do Facebook, mas até o fechamento não houve resposta.

Algumas manifestações na rede social, porém, ultrapassaram a fronteira do protesto, tornando-se agressões e ameaças à realização do evento. Segundo a direção, são centenas de mensagens na página oficial do Foro São Paulo com ameaças violentas.

“Não há problema em manifestar seu pensamento. Porém, quando isso se converte em ameaças e tentativas de impedir a realização do Foro São Paulo, nós temos um ato violento. Esse é um discurso fora da lei”, ressaltou Pomar.

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