Grupos de periferia se articulam em São Paulo para defender democracia e Dilma

O protesto de quinta-feira na Avenida Paulista foi marcado por intolerância a partidos e movimentos (Danilo Ramos. RBA)
O protesto de quinta-feira na Avenida Paulista foi marcado por intolerância a partidos e movimentos (Danilo Ramos. RBA)

Após violência contra militantes de esquerda em manifestações, Cooperifa reuniu ativistas para reafirmar posicionamento e unificar bandeiras

Por Gisele Brito, da RBA

São Paulo – Cerca de 60 pessoas representando diversos coletivos e movimentos sociais que atuam em bairros periféricos da zona sul de São Paulo se reuniram na noite de ontem (21) na sede da Cooperativa Cultural da Periferia (Cooperifa), no Jardim Guarujá, para articular estratégias de combate a ideais classificados como fascistas.

Os participantes discutiram sobre a presença de grupos com símbolos associados ao nazismo e ao fascismo no ato da última quinta-feira, quando milhares de pessoas se reuniram na Avenida Paulista pedindo, entre outras pautas associadas ao conservadorismo, o fim dos partidos e dos governos. Para a frente periférica, isso, associado a palavras de ordem como “Fora Dilma”,  sinalizou a intenção desses grupos de usar formas não democráticas para atingir seus objetivos. No ato, bandeiras de legendas políticas e da Uneafro foram queimadas e militantes ficaram feridos.

A avaliação preliminar do grupo em formação é que é preciso haver apoio mútuo entre movimentos sociais e partidos de esquerda, ainda que haja diversas críticas a eles, especialmente ao PT e ao governo Dilma. “Não é hora de a Dilma sair. Nós vamos responder nas urnas”, afirmou Débora Silva Maria, coordenadora das Mães de Maio.

Para a frente periférica, é preciso reafirmar os preceitos da esquerda e formular uma pauta de reivindicações unificada e objetiva que contemple as demandas das regiões mais pobres da cidade, além de não permitir que grupos de direita usem a população como massa de manobra.

Diversos bairros na cidade e em municípios da região metropolitana também têm sido tomados por manifestações. Jovens já pararam avenidas importantes da zona sul, entre elas, a Belmira Marin, que liga o Grajaú à Cidade Dutra, e a Estrada de Itapecerica, no Capão Redondo.

Há mais de uma década, o movimento Hip Hop e os saraus têm reunido forças de esquerda em bairros afastados das regiões centrais da capital paulista. Agora, acredita Sérgio Vaz, poeta e coordenador da Cooperifa, é hora de colocar em prática todo o acúmulo desses movimentos.

“Não é uma luta qualquer. É luta de classes. A gente fala tanta coisa, escreve tanta coisa. Tanta gente cita o Che Guevara, agora o Mariguella. Chegou o dia”, avaliou. Vaz acredita que o fortalecimento do conservadorismo afeta diretamente a periferia. “Normalmente sobra para a gente. Mas as balas aqui não vão ser de borracha”, afirmou.

Comments (3)

  1. Temos que ir para o enfrentamento ,estivemos na paulista e vi o caráter fascista da manifestação, temos que levantar todas as bandeiras històricas do movimento de esquerda , é hora do combate e não de retòrica o governo popular da presidente Dilma corre perigo, a hora de reagir é Agora.

    Frente Periférica

  2. A própria terminologia esquerda-direita é conservadorista, o que vemos hoje é uma homogêneidade de ações dos ditos eixos, o que vemos nas ruas é uma insatisfação com o estado das coisas, como bem definiu Mario Sergio Cortella. O grande problema é que as pessoas estão com informações superficiais ou falseadas, o que pode gerar sim aberrações nos manifestos.
    Mas uma coisa é certa, a falta de ética política imperante no executivo, legislativo e judiciario, em todas as esferas de poder deve ser contida!
    É sim legítimo que a população NÃO aceite agremiassões partidarias ou classistas em suas manisfetações pois ela nasceu da indignação do que vem-se vendo a anos, não só do governo do PT mas dos anteriores, desde as diretas já espera-se que o país cresça de forma honesta, transparente e ética, que os serviços públicos tenham qualidade, que seus governantes hajam corretamente, que criminosos de colarinho branco sejam presos ao invés de cumprirem mandatos, que não haja negociatas para manutenção de poder, que os órgãos públicos cumpram com seus deveres, enfim que “o estado das coisas” fluam de maneira correta como deve ser…Acredito que NÃO deva haver uma liderança fixa sobre uma bandeira seja ela qual for, mas sim que as idéias consonantes ressoam para que sejam ouvidas….coisa que a sra. “Presidenta” não ouviu, haja visto o discurso dela ontem, onde mais uma vez menosprezou nosso profissionais reafrimando em importar médicos, ao invés de dar qualidade digna de trabalho e salários descentes aos nossos, isso reflete no sistema de atendimento à saúde, falou mais uma vez na política de pão e circo quando mencionou a Copa do Mundo, quando uma das indignações é o superfaturamento das obras dos estádios em detrimento da saúde e da educação.
    E por fim quis adoçar o povo com os royallites do petróleo, enquanto a Petrobrás afunda com diidas faraônica com a Receita Federal, e estados e municipios onde o pré-sal esta localizado, brigam por sua fatia neste bolo, deveria ela ter se posicionado quanto a melhorar a administração do que já é encaminhado constitucionalmente a educação (CF88-União: 18%; Estados e Distrito Federal: 25%; Municípios: 25%)…enfim não mais para apoiar o que esta ai, NENHUM DOS PARTIDOS ESTA MAIS REPRESENTANDO A POPULAÇÃO A MUITO TEMPO!!

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