Prostitutas exigem retirada do ar de campanha contra Aids de que participaram

Peça da campanha do Ministério da Saúde que foi retirada do ar (Reprodução)
Peça da campanha do Ministério da Saúde que foi retirada do ar (Reprodução)

O Globo

RIO — Quatro Prostitutas que participaram da campanha de prevenção à Aids com a frase “Sou feliz sendo prostituta”, que acabou sendo retirada do ar, vão enviar notificação extrajudicial ao ministério da Saúde, na quarta-feira, conforme informou a coluna do Ancelmo Gois nesta terça-feira. Por meio do documento, elas pedem a revogação da autorização de uso de imagem e exigem a imediata suspensão das outras peças publicitárias em que aparecem.

As prostitutas da campanha argumentam “radical mudança” na campanha original, que deixou de privilegiar “o enfrentamento do estigma e preconceitos como estratégia de prevenção às DST e Aids” para focar-se apenas no incentivo ao uso da camisinha, tornando-se “higienizada e descontextualizada”.

“A proposta era reafirmar o entendimento, já consolidado técnica e politicamente, de que, para além das questões e informações biomédicas, o gozo de direitos básicos, autoestima e cidadania constitui condição imprescindível para a promoção da saúde, especialmente em grupos considerados sob maior vulnerabilidade social em razão do estigma, preconceito e discriminação social”, diz a notificação, elaborada pela Rede Brasileira de Prostitutas.

Segundo a ONG Beijo da Rua, o Ministério da Saúde retirou do ar peças que tratam de felicidade (“sou feliz sendo prostituta”), de cidadania (“o sonho maior é que a sociedade nos veja como cidadãs) e da luta contra a violência (“não aceitar as pessoas da forma que elas são é uma violência”), deixando apenas as que associam prevenção com camisinha.

Após o início da divulgação da campanha no início do mês, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, determinou a demissão do diretor do departamento responsável pelas peças, Dirceu Greco. A campanha foi criada pelo Departamento de DSTs, Aids e Hepatites Virais do ministério, chefiado por Greco, em uma oficina com as profissionais do sexo em João Pessoa (PB), em março deste ano. Segundo o ministério, a propaganda não atendia o foco da campanha, que era a saúde dessas profissionais.

Compartilhada por Vanessa Rodrigues.

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