IMIP recebeu mais de R$ 52,9 milhões para monitorar saúde e água para índios nordestinos, mas reportagem do Diário do Nordeste foi quem denunciou “escuridão e sede” na rotina diária dessas comunidades

Colaboração de Noelia Brito, do Recife, em Blog da Brontée

Vejam vocês que coisa absurda e mal explicada. Segundo matéria publicada hoje pelo Jornal Diário do Nordeste, do Ceará, indígenas do estado de Alagoas e do estado do Ceará, sofrem com a falta de medicamentos e a ausência de saneamento básico. Segundo a reportagem, o caso é de negligência dos Poderes Públicos, onde as mães índias são obrigadas a caminhar vários quilômetros para levar seus filhos até o posto de saíde que, por sua vez, em razão da falta constante de energia, tem que levar as vacinas, constantemente, no caso de Alagoas, para um hospital em Maceió. Se a reportagem fosse realizada em todas as comunidades indígenas da região, duvido muito que fosse encontrada realidade diversa.

A falta de abastecimento d’água é outro drama constante reportado na matéria do Diário do Nordeste, que entrevistou uma Odontóloga responsável pelo atendimento da Aldeia Wassu Cocal, no Município de Joaquim Gomes, a 63 km de maceió e que relata a frequência com que os atendimentos têm que ser interrompidos por falta de condições mínimas.

Um trecho da matéria chama bastante nossa atenção: “A médica Cleusa Freitas Pimentel revela que a alimentação precária e a falta de higiene entre os indígenas acaba por favorecer o aparecimento de doenças infectocontagiosas. A incidência de anemia também é elevada. Não temos medicamentos para fornecer aos indígenas e eles não têm condição financeira para adquiri-los’.”

Mas o que nos causa a maior estranheza é a enorme quantidade de recursos públicos que o Ministério da Saúde tem repassado para uma entidade do Estado de Pernambuco, chamada IMIP, para supostamente cuidar da saúde dos índios de Alagoas que, como percebemos, vai de mal a pior.

O Portal das Transparência da Controladoria Geral da União revela que desde 2011, o IMIP, INSTITUTO DE MEDICINA INTEGRAL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA, já recebeu, até 10/05/2013, nada menos que R$ 14.040.043,49, relativo ao Convênio nº 759415, cujo total é  R$17.341.667,50 e que tem por objeto a execução de ações complementares na atenção à saúde dos povos indígenas de Alagoas e Sergipe, incluindo ações de gestão e apoio ao fortalecimento do controle social da saúde indígena, bem como ações de avaliação, pesquisa-ação e monitoramento dos sistemas de abastecimento de água, elaboração de projetos e acompanhamento das obras.

Pois muito bem. Diante da matéria do Diário do Nordeste, é de se questionar o que esse Instituto pernambucano, contratado para monitorar a saúde indígena em Alagoas e Sergipe fez para justificar tanto dinheiro, se para a solução do problema mesmo não houve investimentos. Monitoravam o quê, afinal?

Existem pelo menos dois outros convênios com esse Instituto e para a mesma finalidade: Convênio nº 759583, no Valor de R$ R$36.093.868,20(liberado: 29.616.526,86 até 10/05/2013) e o Convênio nº 758157, no valor de R$11.389.159,39 (liberado: R$9.304.155,38até 10/05/1013). Até o dia 10/05/2013, o Instituto pernambucano, IMIP, já havia recebido nada menos que R$ 52.960.724,00, para monitorar a saúde e as condições da água servida à população indígena de alguns Estados nordestinos. Já deve ter muito a nos revelar, principalmente sobre o valores exorbitantes pelo monitoramento de ações, ao que tudo indica, pela matéria do Diário do Nordeste, inexistentes. A conferir.

http://www.portaldatransparencia.gov.br/convenios/DetalhaConvenio.asp?TipoConsulta=5&CodConvenio=759583

http://www.portaldatransparencia.gov.br/convenios/DetalhaConvenio.asp?TipoConsulta=5&CodConvenio=758157

http://www.portaldatransparencia.gov.br/convenios/DetalhaConvenio.asp?TipoConsulta=5&CodConvenio=759415

Comments (1)

  1. É um caso para o MP – Ministério Publico Federal. Alguém tem que encaminhar esta denuncia para eles abrirem uma ação.

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