Ítalo Nogueira – Folha de S.Paulo
RIO – O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Claudio Fontelles, classificou na noite desta terça-feira como “atitude horrível” a atuação de José Maria Marin, que hoje preside a CBF, durante a ditadura militar. Ele disse, porém, que o grupo não analisa qualquer participação do ex-governador durante o regime.
Marin tem sido alvo de campanha de entidades de direitos humanos e parlamentares a renunciar do comando do futebol nacional em razão de sua atuação durante a ditadura militar.
Ele é criticado por dois discursos no qual critica a condução do jornalismo na TV Cultura, à época comandado por Vladimir Herzog –morto em seguida pela ditadura–, e elogia o delegado Sérgio Fleury, do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), acusado de vários casos de tortura e da morte do jornalista.
“O que há de concreto é que ele primeiro critica a emissora Cultura, que Herzog era diretor, e depois faz um elogio enorme a uma figura tétrica do Estado ditatorial militar que era o delegado Fleury. É o que se tem. Dois discursos. Há de se condenar a postura desse sr. José Maria Marin. Daí a extrair que ele foi um agente público que violou os direitos da pessoa humana é um pouco longe”, disse Fontelles, no Rio, onde participa de seminário.
Ele afirmou que o caso de Marín não é no momento alvo da comissão. “A gente pode desenvolver, mas com o quadro que está não dá para se voltar. A nossa missão é clarear as graves violações contra o direito da pessoa humana. Um discurso [não é]… Mas é evidentemente uma atitude horrível.”
Em artigo publicado pela Folha, no dia 10 de abril, Marin se defendeu de críticas. No texto, ele diz que é uma calúnia e difamação declararem que ele foi o responsável pela tortura e morte de Vladimir Herzog.
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Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.