Monumento em homenagem às vítimas da ditadura é inaugurado em BH

Monumento traz nome dos dissidentes suas idades e a data da morte; há local para o depósito de flores
Monumento traz nome dos dissidentes suas idades e a data da morte; há local para o depósito de flores

Belo Horizonte é a primeira capital brasileira a receber a obra, instalada em frente ao antigo Dops

Por Alexandre Carneiro e Alessandra Mello, em EM

Durante o período da ditadura militar, entre os anos de 1964 e 1985, foram mortos 85 mineiros, enquanto lutavam contra o regime. Neste sábado, 28 anos após o fim dos governos antidemocráticos, as vítimas que nasceram no estado ganharam um monumento, em frente à antiga sede do Dops (Delegacia de Segurança Pessoal e de Ordem Política e Social), na Avenida Afonso Pena. A escultura traz os nomes dos dissidentes, suas idades e a data da morte.

Belo Horizonte é a primeira de 11 capitais brasileiras a receber o monumento, criado pelo arquiteto gaúcho Tiago Balem, cujas formas lembram uma bandeira nacional vazada. A obra também tem local destinado à colocação de flores para as vítimas. O nome mais famoso é o da estilista curvelana Zuleika Angel Jones, a Zuzu Angel, que morreu em 1976 enquanto fazia denúncias públicas sobre o desaparecimento do filho, Stuart Jones, perseguido pela ditadura.

O monumento foi inaugurado por Paulo Abrão, Secretário Nacional de Justiça. A cerimônia contou também com a presença do prefeito Mário Lacerda. Em discurso, ele falou que a obra não só preta uma homenagem a pessoas que lutaram pela democracia, como também deve servir de exemplo para que os atos praticados durante o regime militar não voltem a ocorrer. O secretário também falou sobre os cidadãos que se referem à época ditadura como boa para o Brasil: “esse tipo de fala revela desconhecimento sobre o período”, disse.

MEMÓRIA

Durante a cerimônia de inauguração do monumento, Paulo Abrão manifestou o desejo de que o antigo prédio do Dops seja transformado em centro de memória as vítimas da ditadura em Minas Gerais. Vários dissidentes ficaram presos no interior do imóvel, que também serviu de palco palco para as temidas sessões de tortura.

 O Secretário aproveitou a viagem a Belo Horizonte para visitar as futuras instalações do Memorial da Anistia, que será erguido no local onde funcionava “coleginho” da Fafich, no Bairro Santo Antônio, região Centro-Sul da capital. O prédio deverá abrir as portas até o fim do ano que vem. Os alicerces do imóvel, que estavam bastante deteriorados, tiveram de ser reconstruídos, o que provocou atraso nas obras.

 O prédio abrigará um acervo de processos, dossiês e vários tipos de documentos recebidos pela Comissão da Anistia Política, referentes ao período militar. O projeto foi concebido pela cineasta Daniela Thomas.

Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.

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