Até sexta-feira (17), auditores federais visitam Fortaleza (CE) para identificar possíveis violações de DH em obras para a Copa

Tatiana Félix – Adital

Até a próxima sexta-feira (17) três auditores da Secretaria de Controle Interno da Presidência da República realizam uma fiscalização em Fortaleza (Ceará), para identificar as violações de direitos humanos que podem estar ocorrendo na cidade devido à execução das obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014. Fortaleza é a sexta cidade-sede da Copa a receber a visita da equipe de auditores/as, que passou antes por Natal (RN), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR) e Recife (PE).

De acordo com André Marini, um dos auditores, o objetivo da visita é identificar possíveis ocorrências de violações de direitos humanos em obras ligadas à Copa do Mundo como violações do direito ao trabalho, à moradia e ao acesso à informação. “Vamos coletar relatos da população atingida e encaminhar as denúncias para que os órgãos responsáveis analisem, aprofundem as questões e busquem a melhor solução”, explicou.

A visita iniciou na última segunda-feira (13) com uma reunião no Observatório de Políticas Públicas da Universidade Federal do Ceará (UFC), junto com integrantes do Comitê Popular da Copa em Fortaleza, para definir a agenda de atividades na capital cearense. Segundo André Marini, anteontem (14) já foram feitas as visitas ao estádio Governador Plácido Castelo, o Castelão, ao Porto do Mucuripe e ao Aeroporto Internacional Pinto Martins, equipamentos que sofrem reformas para receber o contingente de visitantes para o evento esportivo mundial.

Na manhã desta quarta-feira (15) foram iniciadas as visitas a algumas comunidades, como a Caminho das Flores e Lauro Vieira Chaves, que sofrem ameaça de remoção para dar lugar à construção do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), uma das obras de mobilidade urbana da capital, que liga bairros ao longo da linha Parangaba-Mucuripe.

André disse que foram feitos registros fotográficos da situação das casas, algumas já demolidas, outras em processo de demolição, e foram ouvidos os relatos dos moradores que, em geral, reclamaram que “as indenizações são injustas”. Em alguns casos, além da violação ao direito à moradia, também acontecem violações do direito ao trabalho, segundo explicou o auditor, já que algumas famílias realizam atividades econômicas em suas próprias residências. Estão previstas mais visitas às comunidades afetadas na tarde de hoje e amanhã (16).

Além disso, a equipe ainda terá uma reunião com integrantes do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), para verificar a situação de crianças e adolescentes vítimas de exploração sexual, problema acentuado pela ocasião e preparativos dos megaeventos. Na sexta-feira (17), último dia da visita, o grupo retornará ao Observatório da UFC para fazer uma avaliação final e definir encaminhamentos para o relatório que deverá ser elaborado entre 30 e 45 dias, e terá a contribuição do Comitê Popular da Copa local.

Em uma breve avaliação, André Marini disse que sobre as denúncias de possíveis violações de direitos humanos “o que vem acontecendo em Fortaleza é o que vem se repetindo em outras cidades, como as violações ao direito ao trabalho, à moradia e ao acesso à informação”. De acordo com ele, a equipe de auditores fiscais fica responsável de encaminhar o relatório para os órgãos federais como os ministérios do Esporte, Planejamento, Cidades e para a Controladoria Geral da União [CGU] e o Comitê Popular local se encarrega de encaminhar as demandas para o governo estadual.

Impactos da Copa

Uma das principais reclamações populares em Fortaleza é a remoção de famílias de 22 comunidades que serão atingidas pela construção do VLT – ramal Parangaba-Mucuripe. A estimativa é que pelo menos 5 mil famílias sejam removidas.

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