O silêncio da sociedade sobre Blairo Maggi na Comissão de Meio Ambiente do Senado

O rei da soja matogrossense Blairo Maggi ocupa um lugar de onde nunca deveria sequer se aproximar: a Comissão de Meio Ambiente do Senado

por Robson Fernando de Souza – Consciencia.blog.br

Enquanto o Brasil ferve para derrubar o pastor Marco Feliciano da presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara, um silêncio de cemitério generalizado permite que o ruralista Blairo Maggi, ganhador da Motosserra de Ouro do Greenpeace alguns anos atrás e hoje presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado, trabalhe em paz aguardando, com seus colegas de latifúndio, a próxima lei ambiental para rejeitar e a próxima lei pró-ruralismo para aprovar.

Mal sabe o Brasil que o barão da soja Maggi assumiu a CMA quase na mesma época em que o fundamentalista Feliciano assumiu a CDHM, e que a comissão ambiental tem entre seus 17 titulares os ruralistas Garibaldi Alves Filho, Ivo Cassol, Kátia Abreu e José Agripino e tem o também ruralista Eunício Oliveira como suplente de seu “companheiro de latifúndio” Ivo Cassol, não contando, em contrapartida, com nenhum nome ligado direta e conhecidamente à politização da causa ambiental (fontes: site do Senado e Wikipédia).

Embora a situação da CMA aparente ser menos desconfortável do que a CDHM da Câmara Federal por não ser essencialmente encabeçada pela “gang” endinheirada das terras, é mais que incômoda a presença de cinco ruralistas, diretamente interessados no desmonte das leis ambientais brasileiras, outrora conhecidas como uma das mais rígidas legislações de proteção ambiental do mundo, e na concessão de cada vez mais privilégios socioambientais ao agronegócio que desmata, polui, degrada, escraviza, intimida e mata.

Corremos o sério risco de ver sendo barrados projetos de lei do Senado que visem a ampliação dos direitos ambientais dos brasileiros e, por isso, ver o verde do território brasileiro ser ameaçado de morte. Mas infelizmente não se vem conseguindo passar esse alarme ao Brasil. O movimento ambientalista brasileiro ainda está longe de ter a força crescente dos movimentos defensores dos Direitos Humanos e da libertação das minorias políticas e, por isso, pouco tem conseguido fazer para acordar a opinião pública sobre o problema de ter ruralistas numa comissão de meio ambiente.

Não só os Direitos Humanos estão ameaçados com Feliciano e o PSC na CDHM da Câmara, como também os nossos direitos ambientais também correm risco severo com Blairo Maggi e mais quatro defensores do latifúndio na CMA do Senado. Por isso, o ideal seria que o povo que grita e protesta contra Marco Feliciano também faça o mesmo contra os ruralistas que estão na comissão que deveria assegurar a integridade da porção brasileira da biosfera.

Compartilhada por Ruben Siqueira.

Comments (5)

  1. no dia que os agricultores do nosso pais pararem de produzir em grande escala para alimentar essa classe que não contribuem de maneira nenhuma para nada…tanto alimentos como meio ambiente …. ai sim eu quero ver…falar é fácil, fazer é mais complicado…a maioria desse povo que fala mal dos agricultores são os que mais depende dos seus produtos…acham que o leite nasce dentro das caixinhas, arroz dá de baixo de suas linguás, feijão nasce no telhado de suas casas, carne brotam do chão, roupas caem das chuvas e assim por diante…como falei é fácil apontar o difícil é fazer..todos os dias temos QUE AGRADECE QUE TEM UM PRODUTOR PRODUZINDO EM GRANDE ESCALA PARA QUE A FOME NÃO CHEGUE EM NOSSAS CASAS, PRIMEIRAMENTE AGRADECEMOS A DEUS E EM SEGUNDO LUGAR AOS PEQUENOS, MÉDIOS E GRANDES PRODUTORES DE ALIMENTOS..ESSES SIM MERECEM NOSSO RESPEITO, AGORA CERTOS ALMOFADINHAS QUE LARGAM UM TIPO DE MATÉRIA DESSA NATUREZA…EU SUGIRO A ELE QUE FAÇA UM PROTESTO POR SUA CAUSA E FIQUE SEM SE ALIMENTAR E AI QUERO VER QUANTOS DIAS ELE SOBREVIVE SEM CONSUMIR ALGO QUE NA VISÃO DELE É “ERRADO”….NO BRASIL INFELIZMENTE PRODUTOR ESTÁ SENDO TRATADO COMO BANDIDO… LAMENTÁVEL…

  2. O silêncio da sociedade civil quanto à nomeação de Blairo Maggi para a comissão do meio ambiente confirma mais uma vez o poder da do meios de comunicação de massa, que nunca se manifestam contra os interesses de seus cúmplices. Os brasileiros, que sentem muito importantes em relação aos bolivianos, têm se mostrado incapazes de pensar e agir como o povo boliviano, que parou o país durante os protestos contra a construção da rodovia o TIPNIS, da mesma forma que em outras ocasiões , sempre deram exemplo de sue poder de mobilização. Se a Globo não fala, o povo se cala.

  3. Pois é. Creio que pouca gente sabe quem é o Blairo Maggi, mas muita gente sabe o nome de todos os personagens da novela da Globo. As pessoas não sabem o que determina suas vidas. É preciso então um esforço para fazer a informação circular. Continuo achando que o grande problema que está na base dos demais é a Educação. Vejam a entrevista da Chauí. Você desmonta a educação, usa a coerção contra os que resistem e o resultado será uma sociedade de consumidores felizes e ignorantes. Os revolucionários honestos e bem intencionados que me desculpem, mas onde foi que deu certo sem povo educado e crítico? Só o povo educado e crítico sabe dar limites à ambição de poder dos governantes. Por isso todo governo autoritário usa a censura.

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